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Fake news: Notícias manipuladas fazem parte do dia a dia na Roménia

Ora na televisão, ora nas redes sociais, todos os dias surgem na Roménia notícias falsas ('fake news'), que são usadas para manipular a opinião pública sobre determinados acontecimentos, mas os romenos já começam a saber distingui-las.

Fake news: Notícias manipuladas fazem parte do dia a dia na Roménia
Notícias ao Minuto

08:47 - 03/02/19 por Lusa

Mundo Opinião

A frase 'shakespeariana' "ser ou não ser" poderia, por estes dias, ser substituída na Roménia por "é ou não é verdade" a informação que é transmitida à população pelos meios de comunicação, nomeadamente canais de televisão de notícias.

A romena Monica Handrabur é rápida na resposta: "Há muitas 'fake news' e muita manipulação. As coisas noticiadas acontecem, de facto, mas depois são divulgadas de outra forma".

Esta jovem de 25 anos está num grupo de romenos e portugueses que falam com a Lusa em Bucareste sobre a realidade das 'fake news', a propósito da conferência que a agência e a Efe vão realizar no dia 21 de fevereiro, em Lisboa, sobre "O Combate às Fake News - Uma questão democrática".

Para a romena Ioana Samoila, as respostas também são fáceis quando se trata desta realidade: "Nós associamos os canais de televisão noticiosos daqui, que são a principal forma de a população ver notícias, aos partidos, ou seja, a maneira como divulgam a informação tem a ver com a fação política".

Segundo estas amigas, as 'fake news' têm dominado a atualidade, sobretudo em duas ocasiões recentes: nas manifestações do verão passado, em que participaram milhares de romenos, e no referendo de outubro passado destinado a proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Enquanto na primeira situação os canais de televisão davam números opostos quanto ao número de manifestantes, na segunda, "os meios de comunicação social promoveram a ideia de se estar a lutar pela família e não a proibir o casamento homossexual", observa Monica.

"Tanto que a minha mãe e a minha avó me disseram para ir votar para defender essa ideia, mas, felizmente, as pessoas perceberam a tempo e não houve qualquer alteração", acrescenta.

Segundo Ioana, "as pessoas estão a começar a ganhar noção sobre as notícias falsas e isso acontece porque muitos esquemas de corrupção também começam a ser denunciados pelos jornalistas".

Os portugueses César Barreira, 25 anos, e Alberto da Cruz Chaves, 33 anos, vivem em Bucareste há cerca de quatro anos e notam que, apesar de uma maior consciência, as 'fake news' ainda minam a opinião pública.

"A televisão romena é usada para manipulação e são os políticos os maiores promotores de notícias falsas", afirma o escalabitano César.

Este não é, porém, o único meio usado.

"Aqui os políticos também usam muito as redes sociais para promover notícias falsas e para se criticarem uns aos outros, chegando mesmo a desrespeitar-se", assinala Alberto.

Segundo este jovem natural de Beja "o Governo usa sobretudo as 'fake news' para dizer às pessoas para não acreditarem em tudo o que leem, nomeadamente em relação a sanções de Bruxelas".

"Usam argumentos falsos para não assumir responsabilidades" em matérias como a corrupção e a violação do Estado de direito, adianta Alberto.

Numa altura em que a Roménia assume a presidência rotativa da União Europeia, o combate à desinformação está no topo da agenda.

As 'fake news', comummente conhecidas por notícias falsas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o 'Brexit' no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.

O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas europeias de maio.

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