O povo saiu à rua e pediu uma solução. Que futuro para a Venezuela?
Juan Guaidó, que se tornou o rosto da oposição, autoproclamando-se Presidente interino da Venezuela, no passado dia 23, insiste na necessidade de uma resolução da crise através de eleições.
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Mundo Crise
Intensifica-se a pressão na Venezuela. Este sábado, milhares de pessoas saíram à rua para mostrar apoio àquele que querem que tome a liderança do país, pela mudança que é (mais que) necessária para um novo ciclo no país.
O dia ficou marcado por vários protestos contra Nicolás Maduro e a favor de eleições livres na Venezuela.
"Não há medo de uma Guerra Civil", Juan Guaidó
Juan Guaidó, o homem que a 23 de janeiro se autoproclamou presidente interino da Venezuela, discursou para uma multidão em Caracas. Com uma voz rouca, prometeu mudar a Venezuela e apelou a que se continue "nas ruas até que a liberdade seja alcançada".
Sobre o medo internacional de um banho de sangue ou de uma guerra civil durante este impasse dos dois presidentes no país, o Guaidó disse: "Quiseram pensar que nos iam deter com intimidação, no mundo perguntam se não temos medo de uma guerra civil e é importante que o mundo escute e saiba porque é que não há medo, porque 90% da Venezuela e do mundo querem que o país mude", atirou.
Juan Guaidó autoproclamou-se presidente da Venezuela depois de a 10 de janeiro se ter dado início a um segundo mandado de Nicolas Maduro, uma eleição que para este é "ilegítima" porque resulta de "eleições fraudulentas".
Desde então, Guaidó já convocou várias manifestações de oposição ao regime de Maduro, que já fizeram dezenas de mortos e centenas de feridos. E denunciou, entretanto, tentativas de intimidação à sua família, apontando responsabilidades a Nicolas Maduro.
"Estou de acordo [...] que seja o povo a decidir", Nicolás Maduro
Maduro também trouxe os seus apoiantes para as ruas numa espécie de contra-protesto, mas esses grupos foram largamente ultrapassados pelos milhares de opositores. Noutro ponto, no centro da capital, onde o vermelho, cor da revolução, dominava, houve concentrações na Avenida Bolívar, onde, junto com os líderes socialistas e o Presidente Nicolás Maduro, comemoraram o XX aniversário da revolução bolivariana.
Aqui, disse apoiar uma eventual proposta da Assembleia Constituinte (AC, composta unicamente por simpatizantes do regime) de convocar eleições antecipadas.
"A AC tem a sua agenda de avaliação para convocar uma antecipação das eleições parlamentares ainda este ano. Estou de acordo em relegitimar o poder legislativo do país e que seja o povo a decidir", disse.
Recorde-se que se não forem antecipadas, as eleições legislativas estão previstas somente para finais de 2020.
Um conflito que preocupa a comunidade internacional
A instabilidade política que se vive na Venezuela e a situação precária em que vivem os venezuelanos não tem passado despercebida aos olhos do mundo. Um pouco por todo o lado vai sendo mostrada preocupação e apreensão com o futuro do país.
Recorde-se que hoje termina o prazo que a União Europeia deu a Nicolas Maduro para que antecipe as eleições e encontre condições para uma votação "livre e transparente", ameaçando tomar "novas medidas" contra o regime venezuelano.
Na quinta-feira, o Parlamento Europeu já reconheceu Juan Guaidó como Presidente interino do país, juntando-se a um grupo de países que tem retirado autoridade a Nicolas Maduro, seguindo o exemplo dos EUA e de vários países da América Latina. Do outro lado, e a apoiar Maduro, estão países como a Rússia, cujo presidente Vladimir Putin acusa os Estados Unidos de tentarem usurpar o poder no país; a Turquia; a China; Cuba e Bolívia.
O que reserva o futuro à Venezuela?
Se Nicolas Maduro não apresentar até hoje um plano para a realização de eleições livres e democráticas, a União Europeia já ameaçou "medidas adicionais". Recorde-se que a UE considera que o ato eleitoral de maio de 2018 não foi "livre, justo nem credível", faltando assim legitimidade ao líder do governo para cumprir o seu segundo mandato.
Assim, e segundo explicou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, após o fim do prazo de oito dias dado por Portugal, Espanha, França, Alemanha, Holanda e Reino Unido "será feito aquilo que o ultimato diz, que é reconhecer a autoridade do presidente da Assembleia Nacional [Juan Guaidó], nos termos da Constituição venezuelana".
Assim, na segunda-feira, haverá um "reconhecimento político" individual, mas coordenado, ao opositor Juan Guaidó, segundo Santos Silva.
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