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Turquia alerta UE para risco de "guerra civil" se reconhecerem Guaidó

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlüt Çavusoglu, advertiu hoje a União Europeia (UE) para o risco de uma "guerra civil" na Venezuela se optar por reconhecer o líder da oposição, Juan Guaidó, como Presidente interino.

Turquia alerta UE para risco de "guerra civil" se reconhecerem Guaidó
Notícias ao Minuto

13:03 - 01/02/19 por Lusa

Mundo Venezuela

"Nós dissemos isso desde o início: uma intervenção externa não é saudável, não é correta, não pode resolver nada, só pode aprofundar a crise; Poderia até, Deus nos livre, arrastar o país para uma guerra civil", indicou o chefe da diplomacia turca, após a sua chegada a uma reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, para a qual a Turquia foi convidada como país candidato à adesão.

Mevlüt Çavusoglu foi questionado sobre a decisão de países como Espanha, Alemanha ou Reino Unido de reconhecer Juan Guaidó, como Presidente interino, na segunda-feira, altura em que termina o ultimato dado ao Presidente Nicolas Maduro para convocar eleições "livres" na Venezuela.

"Em vez de escolher lados, o diálogo deve ser incentivado, os países devem priorizar o diálogo e a cooperação com a Venezuela", referiu Çavusoglu, que não achou "correto" o reconhecimento de Guaidó como Presidente legítimo.

Para o chefe da diplomacia turca, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, "chegou (ao poder) através de eleições" e como tal "ninguém deveria desrespeitar o povo venezuelano".

"Mas na Venezuela há realmente um problema. Como se resolve esse problema? É resolvido com diálogo e cooperação", defendeu Çavusoglu, acrescentando que "em vez de dividir os lados" [a UE] deve concentrar-se "em ajudar mais a Venezuela e o povo venezuelano e, assim, eliminar um problema na região".

Os ministros europeus debateram a situação na Venezuela, na quinta-feira e mostraram-se a favor da promoção de um grupo de contacto internacional para ajudar a criar condições para a realização de novas eleições que cumpram os padrões internacionais, uma vez que consideram que aqueles que deram a Maduro um segundo mandato não eram "nem justos nem livres".

Por outro lado, os ministros não chegaram a um consenso sobre uma posição comum sobre o reconhecimento de Guaidó e argumentaram que essa é uma competência de cada Estado e que não compete a uma instituição como a UE.

Juan Guaidó, que se autoproclamou Presidente interino da Venezuela, exclui a hipótese de uma guerra civil naquele país, afirmando que a esmagadora maioria dos venezuelanos quer a saída de Nicolás Maduro, numa entrevista publicada na quinta-feira pelo jornal El País.

"Na Venezuela não há o risco de uma guerra civil, como alguns querem acreditar ou são levados a acreditar. Porquê? Porque 90% da população quer uma mudança", assegurou numa entrevista telefónica ao jornal espanhol, realizada após os protestos de quarta-feira que visaram aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro.

Guaidó advertiu, no entanto, para "o risco de violência", denunciando que o regime tem tido o apoio de forças especiais da polícia e de unidades "paramilitares".

"Existe risco de violência? Hoje existe. Têm matado dezenas de jovens em uma semana. Mais de 140 em 2017", afirmou Guaidó, que desde que se autoproclamou recebeu o reconhecimento imediato dos Estados Unidos, ao qual se juntaram, nos últimos dias, mais de 60 países, de acordo com o El País.

A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Após a sua autoproclamação, Guaidó, de 35 anos, prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres. Também anunciou uma amnistia aos militares e funcionários públicos que "colaborarem com a restituição da democracia".

Nicolás Maduro, de 56 anos, chefe de Estado desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou esta iniciativa como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos da América.

O Parlamento Europeu reconheceu na quinta-feira Juan Guaidó como o "Presidente interino legítimo" da Venezuela e exortou a União Europeia (UE) e os seus Estados-membros a assumirem uma posição semelhante, enquanto não for possível convocar eleições presidenciais.

A repressão dos protestos antigovernamentais da última semana provocou pelo menos 40 mortos, de acordo com dados das Nações Unidas.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados da ONU.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.

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