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Juan Guaidó, o "Presidente" que se "elegeu" com apoio internacional

O autoproclamado Presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, apresenta-se como vítima do "regime de terror" de Maduro e aposta na ajuda internacional que cultivou desde que era um ativista contra Hugo Chavéz.

Juan Guaidó, o "Presidente" que se "elegeu" com apoio internacional
Notícias ao Minuto

08:18 - 01/02/19 por Lusa

Mundo Perfil

Quando levantou a mão direita para jurar que respeitaria a Constituição, enquanto autoproclamado Presidente interino, perante milhares de manifestantes em Caracas, no dia 23 de janeiro, Juan Guaidó exibiu o pulso ferido.

O vermelho do pulso era a marca das algemas que o tinham prendido, no dia 13, por ter enfrentado o regime de Nicolas Maduro, declarando-se presidente do único órgão legítimo da Venezuela, a Assembleia Nacional.

Em plena via pública e à luz do dia, um grupo de elementos dos serviços secretos venezuelanos, encapuzados, deteve o líder da oposição, para algumas horas depois o libertarem, deixando-o com um cadastro que Guaidó agora gosta de exibir.

A ameaça de detenção tinha sido feita pela ministra do Poder Popular para o Serviço Prisional, Maria Iris Rangel, que na rede social Twitter não deixara dúvidas das intenções do governo de Maduro: "Já tenho uma cela preparada para si e o devido uniforme e espero que nomeie rapidamente a sua equipa de governo para saber quem lhe vai fazer companhia, seu estúpido rapaz".

A pressão governamental não é novidade para Guaidó, que em 2007 esteve na primeira linha do movimento estudantil que se tentou opor ao encerramento do canal Caracas Televisión -- um dos meios de comunicação social que Hugo Chávez silenciou.

Juan Guaidó ficou assim com direito a exibir a "medalha" de pertencer à chamada "Geração de 2007", um grupo de jovens ativistas que se tentou opor à alteração à Constituição da Venezuela e que rapidamente se tornou um alvo de ira do aparelho do regime "chavista".

Juan Guaidó fez o tirocínio político ao lado de outros jovens como Miguel Pizarro e Stalin Gonzalez, agora também deputados na Assembleia Nacional, e que se tornaram um núcleo duro de jovens políticos que prometeram não fazer vida fácil do então Presidente Hugo Chavéz.

Mas foi ao lado de Leopoldo López, um pouco mais velho que Guaidó, que Guaidó partiu para a fundação do partido Vontade Popular, em 2009.

López, que era presidente da Câmara de Chacao, foi uma das mais fortes influências em Guaidó, sobretudo na área judicial, onde já no Parlamento conseguiu algumas reformas relevantes, apesar da pressão da máquina do governo.

Quando López foi detido e se tornou o mais famoso preso político na Venezuela, Guaidó ocupou o seu lugar de primeira linha na oposição ao governo.

Em 2012, Guaidó candidatou-se às primárias da coligação que integrava diversas forças da oposição Mesa da Unidade Democrática, para o lugar governador do Estado de Vargas, mas foi derrotado e permaneceu na Assembleia Nacional, para onde tinha sido eleito em 2010.

Em 2015, já com Nicolas Maduro no poder, chegou a coordenador do Vontade Popular e, no Parlamento tornou-se presidente de uma das comissões permanentes, o que lhe aumentou a visibilidade política, mas também acicatou ainda mais as resistências do Presidente, em particular quando começou a referir-se ao "regime de terror".

Guaidó gaba-se de usar a metodologia de engenharia, que estudou na Universidade, para desmontar os aparelhos de poder.

Profissionalmente, recusou um sedutor lugar numa empresa no México, para se manter na Venezuela e continuar a luta que tinha iniciado como ativista juvenil, empurrando o seu partido Vontade Popular para uma linha mais extremista e sendo um dos mais entusiastas organizadores de manifestações de protesto contra Maduro.

Quando no final de 2018, Guaidó começou a maturar a ideia de criar um governo transitório, não reconhecendo o resultado das eleições de maio, por considerar que não tinham sido justas nem transparentes, rapidamente percebeu que o seu principal objetivo seria aliciar o exército.

"Não temos armas, por isso precisamos do exército", disse um dia Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López e também uma importante mentora de Guaidó.

Contudo, horas depois de Guaidó se autointitular Presidente interino, o exército declarou lealdade a Nicolas Maduro e deixou o novo governo transitório dependente do apoio externo, que começou a chegar ao telefone do líder do Parlamento desde vários países.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, foi o primeiro líder mundial a declarar o seu apoio ao governo transitório, dando razão aos que dizem que Guaidó há vários meses que negociava com os norte-americanos um processo de retirar poder a Maduro.

Aliás, Guaidó foi alimentando conexões diplomáticas e políticas com líderes de vários países, na América do Norte e na Europa.

"O Parlamento liderado por Juan Guaidó é o último vestígio da democracia no vosso país", afirmou o vice-Presidente dos EUA, Mike Pence, num vídeo divulgado nas redes sociais, logo a seguir à declaração em que aquele se autoproclamou Presidente interino.

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