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"Regime da Nicarágua está dependente do apoio do petróleo venezuelano"

A eurodeputada Ana Gomes disse hoje acreditar que o eventual fim do regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, retirará capacidade de resistência ao regime de Daniel Ortega, na Nicarágua.

"Regime da Nicarágua está dependente do apoio do petróleo venezuelano"
Notícias ao Minuto

19:56 - 28/01/19 por Lusa

Mundo Ana Gomes

Ana Gomes chegou no passado sábado de uma visita 'ad hoc' de uma comitiva de 12 deputados do Parlamento Europeu à Nicarágua, onde se foram inteirar da situação política e social do país, que sofre uma grave crise, com manifestações de opositores ao regime a serem reprimidas por forças de segurança e por grupos armados pró-governamentais.

"O regime opressor está muito dependente do apoio financeiro vindo do petróleo venezuelano e, talvez, com a eventual queda do governo de Nicolas Maduro, Daniel Ortega seja obrigado a sair de cena", afirmou hoje a eurodeputada, em declarações à Lusa.

Segundo organizações independentes, mais 500 pessoas já morreram nos confronto entre as forças de segurança e opositores, desde abril de 2018.

Para a eurodeputada, que integrou a comitiva, a situação naquele país da América Latina é "dramática", com violações sistemáticas dos direitos humanos, por parte do regime liderado pelo Presidente Daniel Ortega e a sua mulher, vice-presidente, Rosario Murillo.

Ana Gomes diz que o Parlamento Europeu se prepara para fazer uma resolução sobre a Nicarágua, onde defenderá a antecipação das eleições, que estão marcadas para 2018.

"Contudo, é preciso que essas eleições sejam livres e transparentes", disse a eurodeputada que em 2011 integrou a delegação do Parlamento Europeu para a observação das eleições presidenciais e legislativas na Nicarágua.

Para Ana Gomes, apesar da forte contestação interna, o regime de Daniel Ortega também se mantém graças à "fraca e fragmentada oposição", que não consegue fazer frente ao governo.

"A mais forte resistência vem dos jovens e da Igreja Católica, que tem sido um pilar fundamental na denúncia de muitos atropelos de direitos humanos", afirmou a eurodeputada.

As relações do governo de Daniel Ortega com a comunidade internacional têm-se deteriorado nos últimos meses, em particular devido à decisão do regime, em dezembro de 2018, de suspender a presença da Organização dos Estados Americanos no país.

Em agosto de 2018, Ortega já tinha determinado a expulsão de uma missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, dois dias depois de a delegação ter denunciado a repressão e os abusos cometidos pelo governo contra os opositores.

Ana Gomes diz que a situação não melhorou, desde essa altura, pelo que a missão do Parlamento Europeu aconselha a antecipação de eleições, garantindo a lisura e transparência no processo.

"Uma variável importante é o que venha a suceder na Venezuela. Sem o apoio financeiro e político de Nicolas Maduro, Daniel Ortega ficará muito fragilizado", conclui a eurodeputada, que diz ter contactado com muitas pessoas e organizações, durante a visita feita pela delegação do Parlamento Europeu, na passada semana.

"A visita tinha sido adiada por várias vezes, por imposição do governo, mas acabou por nos deixar ir e permitir que tudo visitássemos e todos ouvíssemos", explicou à Lusa Ana Gomes, dizendo ter ficado impressionada com os relatos de atos de opressão praticados pelo regime, sobre opositores e sobre jornalistas.

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