"Regime da Nicarágua está dependente do apoio do petróleo venezuelano"
A eurodeputada Ana Gomes disse hoje acreditar que o eventual fim do regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, retirará capacidade de resistência ao regime de Daniel Ortega, na Nicarágua.
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Mundo Ana Gomes
Ana Gomes chegou no passado sábado de uma visita 'ad hoc' de uma comitiva de 12 deputados do Parlamento Europeu à Nicarágua, onde se foram inteirar da situação política e social do país, que sofre uma grave crise, com manifestações de opositores ao regime a serem reprimidas por forças de segurança e por grupos armados pró-governamentais.
"O regime opressor está muito dependente do apoio financeiro vindo do petróleo venezuelano e, talvez, com a eventual queda do governo de Nicolas Maduro, Daniel Ortega seja obrigado a sair de cena", afirmou hoje a eurodeputada, em declarações à Lusa.
Segundo organizações independentes, mais 500 pessoas já morreram nos confronto entre as forças de segurança e opositores, desde abril de 2018.
Para a eurodeputada, que integrou a comitiva, a situação naquele país da América Latina é "dramática", com violações sistemáticas dos direitos humanos, por parte do regime liderado pelo Presidente Daniel Ortega e a sua mulher, vice-presidente, Rosario Murillo.
Ana Gomes diz que o Parlamento Europeu se prepara para fazer uma resolução sobre a Nicarágua, onde defenderá a antecipação das eleições, que estão marcadas para 2018.
"Contudo, é preciso que essas eleições sejam livres e transparentes", disse a eurodeputada que em 2011 integrou a delegação do Parlamento Europeu para a observação das eleições presidenciais e legislativas na Nicarágua.
Para Ana Gomes, apesar da forte contestação interna, o regime de Daniel Ortega também se mantém graças à "fraca e fragmentada oposição", que não consegue fazer frente ao governo.
"A mais forte resistência vem dos jovens e da Igreja Católica, que tem sido um pilar fundamental na denúncia de muitos atropelos de direitos humanos", afirmou a eurodeputada.
As relações do governo de Daniel Ortega com a comunidade internacional têm-se deteriorado nos últimos meses, em particular devido à decisão do regime, em dezembro de 2018, de suspender a presença da Organização dos Estados Americanos no país.
Em agosto de 2018, Ortega já tinha determinado a expulsão de uma missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, dois dias depois de a delegação ter denunciado a repressão e os abusos cometidos pelo governo contra os opositores.
Ana Gomes diz que a situação não melhorou, desde essa altura, pelo que a missão do Parlamento Europeu aconselha a antecipação de eleições, garantindo a lisura e transparência no processo.
"Uma variável importante é o que venha a suceder na Venezuela. Sem o apoio financeiro e político de Nicolas Maduro, Daniel Ortega ficará muito fragilizado", conclui a eurodeputada, que diz ter contactado com muitas pessoas e organizações, durante a visita feita pela delegação do Parlamento Europeu, na passada semana.
"A visita tinha sido adiada por várias vezes, por imposição do governo, mas acabou por nos deixar ir e permitir que tudo visitássemos e todos ouvíssemos", explicou à Lusa Ana Gomes, dizendo ter ficado impressionada com os relatos de atos de opressão praticados pelo regime, sobre opositores e sobre jornalistas.
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