Jacob Zuma recebia subornos mensais do grupo Bosasa
O ex-presidente sul-africano Jacob Zuma, que foi forçado a renunciar em 2018 por envolvimento em escândalos de corrupção, recebeu mensalmente subornos em dinheiro, denunciou hoje o empresário Angelo Agrizzi, testemunhando numa comissão criada para investigar estes crimes.
© Reuters
Mundo África do Sul
O antigo diretor de operações do grupo empresarial Bosasa testemunhou em Joanesburgo perante a comissão Zondo, de inquérito às alegações de corrupção no Governo do ex-chefe de Estado e líder do ANC (Congresso Nacional Africano, na sigla original), que a Bosasa efetuou pagamentos mensais de cerca de 300.000 randes (19.300 euros) à Fundação Jacob Zuma.
Angelo Agrizzi, responsável da empresa de 1999 a 2016, alegou que o dinheiro foi recebido pelo presidente da fundação, Dudu Myeni, ex-presidente da companhia aérea estatal South African Airways, "escondido numa mala de luxo".
"Contei o dinheiro e estive presente quando os pagamentos eram feitos. Certamente que quando se trata de uma fundação a transferência de fundos seria por via eletrónica. Mas por que queriam o dinheiro em notas?", questionou Agrizzi.
No seu depoimento, o antigo gestor adiantou que na altura o diretor executivo da Bosasa, Gavin Watson, entregou também "pessoalmente o dinheiro" a Jacob Zuma na sua residência particular.
"Ele [Watson] disse que entregou o dinheiro pessoalmente a Jacob Zuma, que colocou a mala ao lado dele e lhe perguntou: 'O Dudu entrega-lhe o seu dinheiro todos os meses?' E que a resposta foi 'Sim'", disse Agrizzi.
A comissão liderada pelo juiz Raymond Zondo investiga vários escândalos de corrupção que ocorreram na admnistração pública sul-africana alegadamente no mandato presidencial de nove anos de Jacob Zuma (2009-2018).
O processo, que é conhecido na África do Sul por "captura do Estado", envolve uma teia de contratos e relações obscuras entre altos funcionários do governo do ANC, no poder desde 1994, uma família indiana, os Gupta, e várias entidades do Estado, entre ministérios e empresas.
Em troca dos pagamentos, Angelo Agrizzi explicou que a Bosasa, que mudou de nome em 2017 para African Global Operations - pretendia travar uma investigação policial sobre suspeitas de que a empresa usava métodos ilícitos para obter contratos públicos.
Na semana passada, Angelo Agrizzi disse à comissão Zondo que forneceu uma série de serviços a altos funcionários do Governo de Zuma e do Congresso Nacional Africano.
Agrizzi denunciou a atual ministra do Ambiente no executivo liderado pelo Presidente, Cyril Ramaphosa, Nomvula Mokonyane, que foi ministra da Água e Saneamento de Zuma entre 2014 e 2018, e que recebeu 50.000 randes (quase 3.200 euros) em dinheiro mensalmente da Bosasa, segundo Angelo Agrizzi.
No ano passado, o controverso grupo empresarial Bosasa disse ter feito uma doação de 500.000 randes (32.238 euros) para a campanha eleitoral partidária de Cyril Ramaphosa, eleito em dezembro, presidente do partido no poder.
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