As cinco questões ainda sem resposta na morte de Julen
As investigações prosseguem para apurar a veracidade dos factos. O menino "caiu como um foguete" no poço, disse um elemento da equipa de resgate.
© Reuters
Mundo Espanha
Julen foi finalmente retirado do poço onde permaneceu durante 13 dias - uma longa jornada de trabalhos de busca e resgate onde estiveram empenhados cerca de 300 operacionais, 24 horas por dia. Na madrugada deste sábado, confirmava-se o fim já expectável. O corpo do menino espanhol de dois anos era encontrado e a esperança de um milagre esfumava-se. Espanha unia-se para chorar a morte de Julen e todo o mundo comungava da mesma dor.
A retirada do corpo de Julen Roselló do fundo do poço encerrou assim o capítulo nesta história, mas a investigação da Guarda Civil e o juiz encarregue do caso irão determinar a "causa deste trágico acontecimento", referiu o ministro do Interior, Fernando Grande. "Procuramos respostas no mais curto espaço de tempo possível, mas com todas as garantias", exclamou.
Estas são algumas das questões que a investigação deve esclarecer em torno do caso:
Como Julen caiu no poço?
Os primeiros dados da autópsia, de acordo com o relatório preliminar, são consistentes com a versão das testemunhas que presenciaram o acidente: um primo e o pai de Julen. A criança terá caído para o pequeno buraco aberto na propriedade da família, de apenas 25 centímetros de diâmetro, com os braços levantados para cima. O seu corpo foi encontrado pela equipa de resgate com as roupas enroladas, algo que, como refere o El Periódico, é compatível com uma queda vertical de 71 metros. Nas palavras de um dos participantes dos esforços de resgate, o menino "caiu como um foguete" no poço.
Quando é que morreu?
Os primeiros dados apontam para o facto de Julen ter morrido no mesmo dia da queda, domingo, dia 13 de janeiro, altura em que desfrutava de um dia no campo com a família em Totalán. Os resultados iniciais da autópsia, pendentes de relatórios complementares, coincidem com a declaração do seu pai perante a Guarda Civil. Aos agentes, Jose Rosselló disse que viu o menino cair, e ainda colocou o braço, até ao limite físico que lhe foi possível, dentro do buraco, conseguindo ouvir o filho chorar. Naquele momento, relatou o pai, tentou falar com Julen, mas ele não respondeu nem chorou mais.
A autópsia foi ainda clara quanto à causa de morte: duas fraturas na cabeça, uma das quais na parte de trás do crânio, responsáveis por um traumatismo cranioencefálico grave. O corpo de Julen tinha ainda muitos ferimentos, aranhões e escoriações compatíveis com a hipótese quase única da investigação: de que a queda se tratou de um acidente.
O que formou a espécie de 'tampão'?
As primeiras tentativas de resgatar Julen centraram-se em sugar a terra do próprio poço, mas esse trabalho viria a ser interrompido quando uma espécie de 'tampão de areia' foi encontrado. Os investigadores acreditam que a obstrução foi formada, por um lado, pelas pedras e a terra que Julen arrastou durante a queda. Além disso, acredita-se que o seu pai e a família, na tentativa desesperada de retirar o menino após a queda, tenham feito terra e pedras se deslocarem.
Então o corpo de Julen acabou por fazer parte do 'tampão'. Quando o equipamento alcançou esse bloco de areia e terra, sugou cabelos de Julen. Por isso, as autoridades decidiram interromper as buscas por esse meio, partindo então para a hipótese de um túnel paralelo.
O que aconteceu com a perfuração?
Refere a publicação espanhola que o poço não possuía as licenças necessárias para procurar água naquele local e, como explicou o presidente da Câmara, Miguel Escaño, os autores do furo aproveitaram a época natalícia, com menor vigilância, para fazê-lo.
Já o responsável pelo buraco garante tê-lo deixado bem selado com uma pedra. A investigação deverá ser capaz de apurar a veracidade dos factos.
Como era, afinal, o poço?
Inicialmente, o poço ultrapassou os 100 metros de profundidade, como explicou o escavador que o abriu. Mas depois descobriu-se que não havia água suficiente, já que uma parte estava coberta, e então foi buraco foi fechado entre os 71 e os 72 metros. A hipótese que os investigadores têm em cima da mesa é de que a família de Julen não o cobriu da forma regulamentada, depositando apenas detritos do trabalho resultante de obras realizadas numa casa.
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