O Tribunal Europeu de Direitos Humanos condenou esta quinta-feira Itália a pagar 18.400 euros a Amanda Knox, reconhecendo que o país violou os direitos de defesa da jovem norte-americana durante os interrogatórios sobre o assassinato sua companheira de casa, a estudante britânica, Meredith Kercher. A justiça ordenou ao governo italiano que pague 10.400 euros pela falta de assistência jurídica prestada e tradutor e outros oito mil por custos e despesas.

O parecer dá conta de que o país não conseguiu provar que o impedimento do acesso de Amanda a um advogado durante os interrogatórios não terá prejudicado "irreparavelmente a imparcialidade do processo como um todo", conta o Guardian.

"Ms. Knox estava particularmente vulnerável, sendo uma jovem mulher estrangeira, de 20 anos na altura, não estando em Itália há muito tempo e não sendo fluente em italiano", é referido na decisão.

A norte-americana, agora com 31 anos, foi condenada por orquestrar o arrombamento do apartamento, por abuso sexual, homicídio e difamação por um tribunal italiano. Foi condenada a 26 anos de prisão. Depois de apresentar recurso, em 2011, a decisão foi anulada, mas só relativamente aos crimes mais graves. A jovem continuou a ser acusada de difamação, por ter sugerido que outra pessoa era culpada do ataque. Após cumprir quatro anos de prisão foi libertada e regressou aos Estados Unidos e voltou a apelar para que a condenação por difamação fosse retirada, mas sem sucesso.

Segundo a defesa de Amanda contra esta última acusação, quando esta foi interrogada pela polícia em 2007, não teve direito a intérprete, foi agredida pela polícia e sujeita a pressão psicológica.

"É impossível compensar a Amanda por quatro anos de prisão por um erro. Não há valor possível. Não procuramos uma compensação pelos danos. Estamos a fazer isto por princípio", disse o advogado de Amanda, Carlo Dalla Vedov, citado pela Associated Press.

Também o namorado da norte-americana, Raffaele Sollecito, foi acusado pelo crime depois de ter sido encontrado o seu ADN numa faca com o sangue da vítima. O par, à época um casal, foi acusado de matar Meredith no meio de discussões sobre a limpeza da casa e jogos sexuais que fugiram de controlo. Mas o processo foi anulado por falhas nas perícias forenses.

Recorde-se que o homicídio ocorreu na cidade italiana de Perúgia, onde Amanda e Meredith dividiam um apartamento, em novembro de 2006. O corpo da estudante britânica, de 21 anos, foi encontrado degolado, despido e coberto de feridas. O caso chamou a atenção dos meios de comunicação de todo o mundo quase de imediato.

Rudy Guede, um homem relacionado com as duas jovens, está a cumprir uma sentença de 16 anos pelo homicídio de Meredith.