Khashoggi: Julgamento de suspeitos envolto em segredo não tranquiliza
O julgamento dos alegados homicidas do jornalista saudita Jamal Khashoggi continua envolto em segredo, dando pouca segurança sobre a atitude das autoridades, disse hoje em Londres o investigador da organização Human Rights Watch Adam Coogle.
© Reuters
Mundo Especialista
"As autoridades sauditas não libertam muita informação. Sabemos que são 11 acusados, mas não disse quem eram, que cinco arriscam a pena de morte, e provavelmente foram acusados de homicídio. Pode ser que o julgamento seja verdadeiro, ou pode ser uma farsa", acrescentou.
Coogle, que falava num evento da organização internacional de defesa dos direitos humanos sobre as regiões do Norte de África e Médio Oriente, lamentou que o processo não esteja a ser transparente.
"Ouvi dizer que jornalistas [sauditas] foram autorizados a assistir a audiências, mas não foram autorizados a noticiar. [As autoridades] não estão a agir de uma forma que nos dê confiança sobre o caso", vincou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, declarou hoje que a Turquia está a preparar-se para dar início a uma investigação internacional sobre o caso.
A 02 de outubro, o jornalista Jamal Khashoggi, que morava nos Estados Unidos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, com o objetivo de tratar de alguns documentos para poder casar-se com uma cidadã turca.
O jornalista não voltou a sair do consulado, onde foi morto por agentes sauditas, que saíram da Turquia e retornaram à Arábia Saudita logo após o assassínio do jornalista.
A Turquia pediu à Arábia Saudita a extradição dos suspeitos e já admitira que poderia pedir uma investigação internacional sobre o caso.
Coogle referiu que as expectativas de um regime mais liberal e reformista no país que acompanharam a ascensão ao poder do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman não se concretizaram.
"O mundo ignora o número de pessoas detidas, como clérigos independentes, académicos, empresários, antigos dirigentes do regime e familiares e ativistas dos direitos das mulheres", afirmou.
No evento desta manhã, além da situação na Arábia Saudita, foram destacados também a crise humanitária no Iémen e o crescente clima de repressão no Egito como alguns dos temas de maior urgência.
O progresso dos direitos humanos em alguns países árabes e do norte de África é considerada uma das "boas notícias do ano" perante a introdução de leis na Tunísia, Marrocos e até Arábia Saudita, onde foi levantada a proibição de as mulheres conduzirem.
A Human Rights Watch lançou na semana passada a 29.ª edição do seu relatório mundial, onde analisou as práticas de direitos humanos em mais de 100 países.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com