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Tratado nuclear: Mundo não pode ficar passivo perante disputa EUA/Rússia

A comunidade internacional não pode ficar passiva numa altura em que Washington e Moscovo estão a decidir o destino de um tratado nuclear histórico, especialmente na Europa, afirmou hoje a Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN).

Tratado nuclear: Mundo não pode ficar passivo perante disputa EUA/Rússia
Notícias ao Minuto

19:36 - 18/01/19 por Lusa

Mundo Campanha

Os Estados Unidos estão a ameaçar abandonar um acordo histórico que foi firmado em 1987 durante a Guerra Fria, o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF, na sigla em inglês), acusando a Rússia de ter violado os termos do documento.

A situação atual "é uma situação extremamente perigosa", afirmou, em declarações à agência noticiosa francesa France Presse (AFP), Beatrice Fihn, diretora da ICAN, organização que foi o prémio Nobel da Paz de 2017.

"Se este tratado for abandonado e os Estados Unidos se retirarem, os dois países estarão livres para dispor esses mísseis de alcance intermediário nas fronteiras da Europa", referiu a representante da ICAN.

Assinado por Ronald Reagan e Mikhail Gorbachev, então Presidentes dos Estados Unidos e da antiga União Soviética, respetivamente, o tratado INF aboliu o recurso a um conjunto de mísseis de alcance (intermédio) entre os 500 e os 5 mil km e pôs fim à crise desencadeada na década de 1980 com a instalação dos SS-20 soviéticos, visando capitais ocidentais.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou em outubro passado a intenção de sair do acordo, alegando o desrespeito dos termos do tratado por parte da Rússia, acusação que as autoridades de Moscovo rejeitam.

No início de dezembro, Washington fixou um ultimato de 60 dias (até 02 de fevereiro) para Moscovo cumprir o tratado, ou seja, para desmantelar um novo sistema de mísseis que, segundo os norte-americanos, viola o acordo histórico.

Segundo Beatrice Fihn, o resto do mundo foi "deixado de lado, simplesmente a assistir (a Donald Trump e ao seu homólogo Vladimir Putin) e aos respetivos egos" a decidirem o destino deste tratado classificado como crucial e histórico.

"Temos de deixar de ser passivos", reforçou a representante.

"Não é um assunto apenas para Trump e Putin, mas é uma questão global e todos os governos têm um papel a desempenhar", frisou.

Altos funcionários norte-americanos e russos reuniram-se esta semana em Genebra (Suíça) para debater esta matéria, mas as negociações terminaram sem sucesso, com a subsecretária de Estado norte-americana responsável pela pasta do controlo de armamento e assuntos de segurança internacionais, Andrea Thompson, a acusar Moscovo de "flagrante violação" do INF.

Por sua vez, o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, pediu, na quarta-feira, aos europeus que "aconselhem Washington a ter uma posição mais responsável".

Segundo a NATO e os Estados Unidos, o novo míssil terrestre russo 9M729, capaz de transportar uma ogiva nuclear e com um alcance superior a 500 km, viola o tratado INF.

Na quinta-feira, Trump anunciou uma nova estratégia para ampliar e modernizar o sistema de defesa antimísseis norte-americano, considerando que os seus adversários, como a Coreia do Norte e o Irão, estão a aumentar "a capacidade de ataque letal".

Um relatório do Pentágono (Departamento de Defesa norte-americano) divulgado a par do discurso de Trump indicou que "o atual contexto de segurança é o mais complexo e volátil" dos últimos tempos e que os "adversários potenciais estão a investir de modo substancial na sua capacidade ao nível dos mísseis", mencionando a Rússia e a China.

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