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África "precisa vencer" analfabetismo, eletrificação e industrialização

O presidente de Angola defendeu hoje, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos (EAU) que, para se desenvolver, África terá de vencer os desafios do analfabetismo, eletrificação e industrialização.

África "precisa vencer" analfabetismo, eletrificação e industrialização
Notícias ao Minuto

16:27 - 15/01/19 por Lusa

Mundo João Lourenço

João Lourenço discursava na Cimeira Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável 'O Futuro de África', hoje iniciada na capital dos EAU e que se prolonga até 19 deste mês, destinada a debater o desenvolvimento do continente africano do ponto de vista do lema 'Convergência da Indústria na Aceleração de Desenvolvimento Sustentável'.

"África precisa de vencer três grandes desafios: acabar com o analfabetismo, eletrificar-se e industrializar-se para se desenvolver. Para isso, precisamos de (...) mão de obra qualificada, quadros superiores, cientistas e investigadores, valorosas peças de arte, matéria prima em estado bruto, e até fortunas pessoais que deviam servir nossas economias e que continuam a sair de África para o resto do mundo em condições desfavoráveis", sublinhou.

Segundo João Lourenço, África precisa de fazer "o inverso", atrair para o continente o que há de melhor, como o conhecimento, os avanços da ciência e da tecnologia, o capital, o investimento privado e "know-how" para transformar localmente as primas.

"Por outras palavras, precisamos de industrializar o nosso continente. Só assim vamos criar riqueza e bem-estar para os nossos cidadãos e emprego como principal fonte para todas as oportunidades", sustentou.

Manifestando-se "otimista" em relação ao futuro de África, o Presidente angolano indicou que o "sonho" do desenvolvimento é "realizável" se se tiver em conta que outros continentes, como a Ásia, conseguiram dar o salto em menos de meio século", passando de importadores a exportadores de alta qualidade.

"O país que alberga este importante evento, os Emirados Árabes Unidos, e outros países do Golfo, são também um bom exemplo, de como a boa utilização das receitas do petróleo para a diversificação das economias, se pode constituir em caso de sucesso", referiu.

Para João Lourenço, África vai acabar por desenvolver-se, mas, defendeu, para tal, terá de se basear num modelo sustentado, "que respeite e preserve a natureza ainda quase virgem em alguns dos países, a nossa flora e fauna protegidas e preservadas, nossos rios protegidos da poluição".

"Em benefício do futuro da Humanidade, África com os abundantes recursos hídricos de que dispõe, sol por todo ano e vento a desperdiçar-se, deve privilegiar o desenvolvimento e utilização das fontes limpas e renováveis de energia. Bons exemplos não nos faltam, podemos mudar o quadro atualmente vigente no continente, dependendo sobretudo das decisões corajosas que em primeiro lugar nós, os africanos, viermos a tomar", sublinhou.

"Embora não seja consequência direta e que justifique, a verdade é que estamos a assistir ultimamente a um êxodo massivo de emigrantes em direção à Europa e outras paragens, em busca de melhores condições de vida, oportunidades de emprego e de superação na vida. No entanto, este sonho muitas vezes não se realiza, criando quase sempre um profundo sentimento de frustração e revolta. É caso para nos interrogarmos sobre em que falhamos e o que nos falta para traçarmos os caminhos de um futuro promissor para África", afirmou.

Para João Lourenço, a "verdade" é que África "perdeu" a favor de terceiros o que de melhor sempre teve.

"Perdeu pela via da escravatura os seus melhores filhos e a sua mão de obra, continua hoje a perder os seus melhores quadros formados nas universidades dos países mais desenvolvidos, que os aliciam a ficar para desenvolver as suas economias. Continuamos a perder nossos recursos minerais, que são exportados em bruto sem criar nos nossos países valor acrescentado e postos de trabalho qualificados", concluiu.

João Lourenço está desde domingo em Abu Dhabi, onde participou, segunda-feira, na cerimónia de entrega do prémio Zayed para a Sustentabilidade.

Organizado pela Masdar, Holding de Desenvolvimento Sustentável de Abu Dhabi, o encontro conta com a presença de líderes mundiais ligados às políticas públicas e com investidores, que vão discutir e buscar soluções para os desafios do setor da energia.

Angola abriu uma representação diplomática nos EAU em 2004, através de um consulado geral, que passou, quatro anos depois, ao estatuto de embaixada. Os dois países cooperam nas áreas de petróleo, gás, da agricultura, entre outras.

Angola e os EAU são membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e rubricaram dois acordos, em junho de 2015, sendo um de cooperação económica e técnica e outro de criação da comissão mista entre os Estados.

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