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RCA: Rússia rejeita ligação da morte de jornalistas a paramilitares

As autoridades russas rejeitaram hoje as conclusões de um inquérito que ligou o assassinato de três jornalistas russos na República Centro-Africana (RCA) com o grupo paramilitar Wagner, que estavam a investigar, e o seu financiador, próximo do Kremlin.

RCA: Rússia rejeita ligação da morte de jornalistas a paramilitares
Notícias ao Minuto

20:20 - 11/01/19 por Lusa

Mundo Rep. Centro-Africana

O repórter de guerra Orkhan Djemal, o documentarista Alexandre Rastorgouiev e o operador de câmara Kirill Radtchenko foram assassinados em julho último por homens armados no norte da RCA.

Financiados por um meio de comunicação pertencente a um opositor do Kremlin e oligarca no exílio Mikhail Khodorkovski, os jornalistas estavam a investigar as atividades de mercenários russos na RCA, designadamente o Grupo Wagner, que se deu a conhecer na Síria.

A Comissão de Investigação Russa, encarregada dos principais casos, garantiu hoje, em comunicado, que os três homens foram abatidos por "um grupo de homens de pele negra que falavam árabe" que os queriam assaltar e aos quais resistiram, retomando a versão avançada inicialmente pelas autoridades russas.

Na quinta-feira, uma investigação da publicação Dossier, também financiada por Khodorkovski, sustentou que os três homens estavam a ser seguidos por um polícia centro-africano, relacionado com os russos ligados a um empresário considerado o financiador do Wagner, bem como ao conselheiro militar russo da Presidência centro-africana.

Segundo esta investigação, o motorista centro-africano dos jornalistas, presente durante as suas mortes, utilizava um nome falso e transmitia informações ao polícia encarregado de os seguir, disse à AFP o assessor de imprensa de Khodorkovski, Maxime Dbar.

Este motorista, acrescentou esta fonte, tinha-lhes sido recomendado por um jornalista membro de um meio de comunicação pertença de Evguéni Prigojine, um empresário próximo do Kremlin que financiaria, segundo alguma comunicação social, o grupo de mercenários Wagner.

A Comissão de Investigação qualificou estas conclusões como uma tentativa de "justificar" o envio de jornalistas "sem proteção" para uma zona particularmente perigosa.

Desde a sua morte, que dirigentes russos e comunicação social pró-governamental têm colocado em causa o profissionalismo e a preparação dos três jornalistas assassinados.

A Federação Russa tem oficialmente instrutores civis na RCA, onde exerce desde há alguns meses uma influência crescente.

Soldados centro-africanos têm sido formados por Moscovo no palácio de Berengo, 60 quilómetros a oeste da capital, Bangui, onde viveu Jean-Bedel Bokassa, Presidente que depois se declarou imperador do país, de 1966 a 1979.

Segundo fontes ocidentais, estes instrutores, cujo número é subestimado, seriam mercenários ligados a sociedades extrativas russas.

O presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu em dezembro a existência de mercenários e afirmou que tinham "o direito a trabalhar" no estrangeiro, desde que respeitassem a lei russa.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), desde o início de 2017, com uma companhia de tropas especiais, a operar como Força de Reação Rápida, e na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).

O 2.º comandante da MINUSCA é o general Marco Serronha e o comandante da EUMT-RCA é outro oficial general português, o brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

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