Corrente humana de mulheres desafiou conservadorismo religioso na Índia
Milhões de mulheres juntaram-se no protesto pacífico e formaram uma corrente humana com 620 quilómetros. Supremo indiano pôs fim a uma lei que proibia a entrada de mulheres num dos templos sagrados do hinduísmo mas conservadores tentaram impedir que as mulheres entrassem no templo.
© Aaron/Twitter
Mundo Índia
Durante vários meses a área em redor do templo Sabarimala, no estado de Kerala, na Índia, foi palco de confrontos. Em setembro do ano passado, o Tribunal Supremo decidiu pôr termo a uma proibição com vários séculos que impedia as mulheres com idades compreendidas entre os 10 e os 50 anos de entrarem no templo de Sabarimala, um dos locais mais sagrados para a religião hindu.
A decisão do Supremo foi justificada com o facto da proibição ser discriminatória e os juízes consideraram que as mulheres deviam poder rezar no sítio que escolhessem. Mas não foi bem recebida pelos hindus mais conservadores. Milhares juntaram-se em redor do templo e durante meses tentaram impedir que a decisão do Supremo se concretizasse.
Segundo a CNN, duas mulheres entraram no templo esta quarta-feira e fizeram história. Foram as primeiras a fazê-lo. Depois da sua visita, o templo foi encerrado durante uma hora para que os sacerdotes pudessem purificar o templo.
Um dos passos mais importantes no desafio ao conservadorismo religioso na Índia e que impulsionou o momento histórico que se viveu esta quarta-feira, aconteceu ontem. Milhões de mulheres (o governo de Kerala fala em mais de cinco milhões) formaram uma corrente humana apelidada de ‘muro das mulheres’ que se estendeu por 620 quilómetros.
#WomenWall Scene from Mananchira Square, Calicut in Kerala. pic.twitter.com/5mG7BfXOne
— Aaron (@ROALY) January 1, 2019
O protesto pacífico durou 15 minutos e teve grande impacto social e mediático. No entanto, há uma nuvem a pairar sobre este momento importante na luta pela igualdade de género. No final deste mês o Supremo vai analisar petições para rever a sua decisão.
O templo de Sabarimala tem cerca de 800 anos e é considerado a casa espiritual do Senhor Ayyappa, o deus hindu do crescimento. Os hindus conservadores argumentam que deve vigorar uma proibição a mulheres em idade menstrual, uma vez que Ayyappa é celibatário e a entrada de mulheres “impuras” no templo é desrespeitosa.
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