República Democrática do Congo: Detetadas anomalias na contagem de votos
A missão de observação eleitoral da Igreja Católica detetou anomalias no decorrer da contagem de votos das eleições gerais na República Democrática do Congo, que se realizaram no domingo.
© Reuters
Mundo Eleições
"Até às 09:00, os observadores da CJP/Cenco transmitiram 4.161 relatos sobre a contagem", referiu o abade Donatien Nshole, secretário-geral e porta-voz da conferência dos bispos católicos da República Democrática do Congo.
Segundo o relatório parcial, "3.626 [relatos] indicam que o número de boletins na urna era igual aos dados eletrónicos registados nas máquinas de voto", disse. Feitas as contas, significa que tal não aconteceu em 535 casos.
A conferência episcopal -- que mobilizou 40 mil observadores no terreno -- comprometeu-se a publicar o relatório preliminar da observação a 02 de janeiro.
Os resultados provisórios oficiais das eleições gerais só deverão ser conhecidos no próximo domingo e, se não acontecerem imprevistos, o novo presidente assumirá o cargo a 18 de janeiro.
Entretanto, o acesso à internet foi cortado "por ordem do governo".
"Caro cliente, por ordem do governo, os nossos serviços de internet serão suspensos por tempo indeterminado", indicou o fornecedor Global, numa mensagem recebida pela agência francesa AFP.
"Foi o governo que ordenou o corte", confirmou um representante da operadora móvel Vodacom à AFP, que constatou o corte no acesso aos dados de várias redes em todo o país.
"Lamento ter sabido, pouco antes de entrar na sala, que cortaram a internet", reconheceu o abade Donatien Nshole, antes de divulgar os resultados preliminares da observação.
Num comunicado inicial, a conferência episcopal, única missão nacional acreditada para a observação eleitoral, tinha felicitado o governo "por ter assegurado o bom funcionamento da internet e das sms" durante o dia da votação. A troca de mensagem escritas continuava a funcionar hoje de manhã, segundo constatou a AFP.
Mais de 39 milhões de congoleses foram chamados às urnas no domingo para escolher o sucessor do presidente Joseph Kabila, obrigado pela Constituição e pela opinião pública a não se recandidatar, e também os deputados nacionais e provinciais de 75.781 colégios eleitorais.
O delfim de Kabila, Emmanuel Ramazani Shadary, é um dos candidatos, a par com dois opositores, Félix Tshisekedi e Martin Fayulu, cuja campanha acusou as autoridades de quererem, com o corte da internet, evitar a difusão de uma "vaga" de manifestações que confirmaria "a vitória esmagadora" do candidato.
Segundo a conferência episcopal, a jornada eleitoral foi marcada por vários incidentes violentos, que causaram, pelo menos, quatro mortos. Os principais problemas foram a falta de boletins e máquinas de voto, atrasos na abertura das urnas e dificuldades com as listas eleitorais.
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