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Relações entre Brasil e África terão "mudança dramática" com Bolsonaro

O investigador brasileiro Pedro Lima do Nascimento considerou hoje que as futuras relações entre o Brasil e África no Governo de Jair Bolsonaro vão sofrer uma "mudança dramática" e correm o risco de não se desenvolverem como no passado.

Relações entre Brasil e África terão "mudança dramática" com Bolsonaro
Notícias ao Minuto

08:49 - 30/12/18 por Lusa

Mundo Investigador

"Vai haver uma mudança dramática (nas futuras relações entre o Brasil e África) em comparação com o que eram nos Governos de Lula, Dilma e Temer. É possível e bastante provável que as relações Brasil-África não se desenvolvam tanto", disse à agência Lusa o especialista em Relações Internacionais.

Lima do Nascimento acredita ainda que esse afastamento terá na figura do futuro ministro das Relações Exteriores de Bolsonaro um papel preponderante.

"Ernesto Araújo (futuro ministro das Relações Exteriores do Brasil) é um diplomata bastante desconhecido, até recentemente não tinha sequer um cargo de embaixador, e é uma pessoa bastante isolada dentro do ministério mas que foi elevado ao centro da política ministerial", descreveu o especialista, acrescentando que uma aproximação aos Estados Unidos da América (EUA) está na mira do futuro governante brasileiro.

Declaradamente um admirador do Presidente norte-americano, Donald Trump, Jair Bolsonaro, assim como Ernesto Araújo, têm o seu foco colocado nessa superpotência para parceiro internacional, ao contrário dos anteriores Governos brasileiros, nomeadamente do Partido dos Trabalhadores (PT), que deram primazia a parcerias comerciais mais próximas com a China, ou com Cuba.

"Ele (Ernesto Araújo) deixa claro que a sua prioridade, assim como do Governo de Bolsonaro, será a relação com os Estados Unidos da América. Inclusive, ele nem sequer menciona muito a Europa, e quando o faz é para tecer críticas, como é o caso da política migratória ou críticas de base religiosa. Recentemente até falou em construir uma aliança cristã entre o Brasil, os EUA e a Rússia, contra o ateísmo da Europa e da China", declarou o especialista brasileiro.

Foi durante os anos de executivo de Lula da Silva, que o Brasil aumentou e consolidou as relações com os Estados do continente africano, com o intuito de transformar o país sul-americano num "ator global independente", segundo Pedro Lima do Nascimento.

Essa aproximação a África levou a que se gerassem críticas, principalmente emitidas por opositores do PT, que acusaram o Brasil de se associar a ditaduras. Contra tais imputações, o chefe da diplomacia brasileira do executivo de Lula, Celso Amorim, argumentou que eram nações muito jovens, o que justificava o facto de ainda não terem consolidado os seus sistemas democráticos.

No entanto, para o especialista em Relações Internacionais, a nível estratégico "não faz muito sentido que o Brasil se oponha a ditaduras africanas porque estão geograficamente distantes" e porque não irá obter nenhum benefício "político ou económico" com essa oposição.

Com Bolsonaro a liderar o país sul-americano, Pedro Lima do Nascimento acredita que as relações com África não se irão extinguir, mas que também não irão proliferar.

"O mais provável é que continuem com relações de trabalho, investimentos e relações comerciais, mas que não se aprofundem muito", disse o brasileiro à agência Lusa.

Quando questionado acerca dos futuros vínculos entre Brasil e Portugal, o especialista admitiu que a linha seguida pela próxima presidência brasileira será em conformidade com aquela que for adotada para a União Europeia.

"A relação com Portugal, provavelmente vai-se espelhar de acordo com a relação com a União Europeia, investindo em acordos comerciais, especialmente no que abrange o protecionismo agrícola. (...) Mas agora com a eleição de Bolsonaro, a União Europeia ganha uma boa desculpa para enterrar essas negociações (com o bloco económico Mercosul) (...) e proteger o mercado interno europeu, assim como os produtos agrícolas europeus", afirmou Lima do Nascimento.

Jair Bolsonaro e o seu executivo tomam posse no dia 01 de janeiro.

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