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RDCongo, a maldição da riqueza num dos países mais pobres do mundo

Diamantes, petróleo e outros recursos naturais fazem da República Democrática do Congo (RDCongo) um dos países mais ricos de África, mas a população, massacrada por conflitos sangrentos, governantes corruptos e epidemias, continua a ser das mais pobres do mundo.

RDCongo, a maldição da riqueza num dos países mais pobres do mundo
Notícias ao Minuto

09:36 - 28/12/18 por Lusa

Mundo África

Ocupando o primeiro lugar entre os "mais pobres" do mundo (países com um PIB [Produto Interno Bruto] per capita anual inferior a 1.000 dólares), em 2017, o rendimento anual de um congolês não ia além dos 439 dólares, segundo a consultora Focus Economics.

As projeções para 2019 apontam para um aumento de apenas 36 dólares nestes rendimentos, devendo a RDCongo manter a sua nada invejável posição no ranking da pobreza, apesar da imensa riqueza.

O quarto país africano mais populoso (81 milhões de habitantes em 2018, segundo a Organização das Nações Unidas - ONU), tem quase o mesmo tamanho da Europa ocidental e uma economia fortemente assente na indústria mineira.

As exportações são dominadas pelos diamantes (o país era o quarto maior produtor nos anos 1980 e ficou tristemente celebrizado pelos seus 'diamantes de sangue'), mas são também abundantes o ouro e a prata, o cobre, cobalto, cádmio, zinco, manganês, estanho, germânio, urânio, rádio, bauxite, ferro e carvão.

Possui também grandes quantidades de madeira, uma matéria-prima que pôs mais uma vez o país sobre os holofotes mundiais, depois das denúncias de organizações não-governamentais (ONG) que puseram em causa a legalidade da exploração deste recurso devido aos negócios nebulosos de algumas empresas, entre as quais uma pertencente a portugueses.

Além das florestas, a agricultura é a principal atividade económica do país, representando quase metade do PIB, com o café, óleo de palma, borracha, algodão, açúcar, chá e cacau a sobressaírem como principais produções.

A vida selvagem e a natureza luxuriante, de densas florestas tropicais que abrigam um dos últimos refúgios de gorilas de montanha (o Parque Nacional de Virunga), são atrativos mais do que suficientes para atrair turistas, mas este potencial nunca foi suficientemente aproveitado devido às questões de segurança que tornam o destino pouco recomendável.

O antigo Zaire, renomeado Congo por Laurent Kabila quando substituiu Mobutu Sese Seko como chefe de Estado, tem uma história turbulenta, marcada pela violência e por guerras internas que deixaram milhões de mortos.

Ficaram bem conhecidas as atrocidades do rei belga Leopoldo II, que tornou o país no seu reino privado entre 1885 e 1908, e o primeiro Presidente do país, Patrice Lumumba, que liderou a independência dos antigos colonos belgas em 1960, teve menos de três meses de permanência no cargo, até ser executado a 05 de setembro de 1960.

Entre 1965 e 1997, sob o longo jugo de Mobutu, a RDCongo mergulhou ainda mais na miséria, enquanto o Presidente via acumular a sua fortuna, gastando milhões de dólares num extravagante complexo residencial da sua aldeia natal que ficou conhecido como a "Versalhes da selva".

Como se não bastassem os conflitos e a exploração abusiva dos seus recursos, os congoleses viram-se a braços, recentemente, com o regresso de milhares de migrantes expulsos de Angola e uma nova epidemia do vírus Ébola, já considerada a pior de sempre na história do país.

A epidemia do vírus que se transmite por contacto físico através de fluidos corporais infetados e que provoca febre hemorrágica, foi declarada em 01 de agosto deste ano, em Mangina, nas províncias de Kivu Norte e Ituri, tendo provocado a morte a 326 pessoas e infetado 549, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A RDCongo vai a eleições no domingo, pela primeira vez desde 2011, mas a disputa entre os principais candidatos pode agravar ainda mais as tensões.

A instabilidade política piorou nos últimos tempos face à pressão sobre o Presidente Joseph Kabila, que assumiu o poder após o assassínio do seu pai, Laurent Kabila em 2001, para abandonar o cargo.

Kabila foi reeleito em 2011 numa votação contestada e adiou várias vezes novas eleições até nomear em agosto um candidato para lhe suceder. Emanuel Ramazani Shadary irá disputar o sufrágio com Félix Tshisekedi, um feroz crítico de Kabila e outros 19 candidatos.

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