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Africano coloniza Europa no séc. XVII. A história de um anúncio banido

O anúncio é humorístico mas a colonização foi "traumática", apontou regulador sul-africano.

Africano coloniza Europa no séc. XVII. A história de um anúncio banido
Notícias ao Minuto

13:50 - 24/12/18 por Pedro Filipe Pina

Mundo África do Sul

Um anúncio na África do Sul que imagina um africano a colonizar a Europa no século XVII foi banido pelo regulador sul-africano.

O anúncio é da Chicken Licken, uma cadeia de fast-food que se especializa em galinha, à imagem da norte-americana KFC.

O anúncio mostra-nos 'A Lenda de Big John'. Trata-se da história do príncipe  Big Mjohnana, que deixou a África do Sul em 1650.

No anúncio, Big Mjohnana enfrenta monstros marinhos e intempéries até chegar a um porto holandês, em 1651, onde até ajuda um navegador que estava a ver o mapa ao contrário. Já na Holanda, este príncipe africano acaba mesmo por batizar o Velho Continente. "Europa".

O tal navegador será uma sósia de Jan Van Riebeeck, o navegador e colonizador holandês que, como contam os livros de História, chegou de facto à África do Sul em 1652 (supostamente um ano depois da tal lenda do anúncio da Big John).

Ora, conta o Quartz que o mercado de fast-food na África do Sul é particularmente competitivo. Ao longo dos anos, as agências de publicidade apostaram nos mais diversos temas, da reencarnação às aventuras de africanos no espaço, tudo para venderem marcas de fast-food. O anúncio da Chicken Licken, porém, terá ido longe demais. Esta versão invertida da realidade da colonização não foi bem recebida.

A Advertising Regulatory Board - o regulador de publicidade sul-africano - deliberou que o anúncio era problemático.

O facto de ser um anúncio com claros traços de humor não foi suficiente para o regulador, que recordou a violência do que foi a colonização de povos africanos, levada a cabo por europeus (onde Portugal se inclui), ao longo dos últimos cinco séculos.

Na sua deliberação, o regulador reconhece os traços de humor do anúncio. Porém, "a realidade é que a colonização de África e dos seus povos foi traumática", defende, acrescentando ainda que embora o anúncio inverta os papéis da colonização, a verdade é que muitos africanos foram "forçados" ao longo dos séculos a navegar para a Europa acorrentados.

Nas redes sociais e na imprensa, embora se reconheça a importância de como se olha para a história da colonização, aponta-se também alguma falta de sentido de humor ao regulador.

Eis o anúncio que já não poderá ser exibido na televisão sul-africana.

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