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Putin defende "direito ao trabalho" de mercenários enquanto cumprirem lei

O Presidente russo, Vladimir Putin, considerou hoje que as empresas militares privadas russas, como o Grupo Wagner que tem sido notícia designadamente na República Centro-Africana (RCA), "têm o direito de trabalhar" enquanto cumprirem a lei.

Putin defende "direito ao trabalho" de mercenários enquanto cumprirem lei
Notícias ao Minuto

21:38 - 20/12/18 por Lusa

Mundo RCA

"Quanto ao que respeita à sua presença algures no estrangeiro, repito que se não infringirem a lei russa, então têm o direito de trabalhar e defender os seus interesses comerciais nos quatro cantos do mundo", disse Putin, durante a sua conferência de imprensa anual.

A lei russa interdita as sociedades militares privadas, deixando os mercenários do país evoluírem em uma zona cinzenta.

Grupos militares privados russos têm sido suspeitos de estar presentes em conflitos em várias zonas do mundo, do leste da Ucrânia à Síria, passando pela República Centro-Africana.

Entre eles, o mais conhecido é o Grupo Wagner, suspeito de pertencer a um empresário próximo do Kremlin, Evguéni Prigojine. Em julho último, três jornalistas russos que investigavam a presença do Wagner na República Centro-Africana foram assassinados em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Questionado hoje a este propósito por um jornalista do diário da oposição Novaia Gazeta, Putin respondeu que "se o Grupo Wagner infringir alguma coisa, pertence ao procurador-geral (russo) julgar".

Evguéni Prigojine também é suspeito de deter a Internet Research Agency (IRA), uma sociedade considerada pela justiça norte-americana como uma quinta de 'trolls' (provocadores) paga pelo Kremlin para realizar campanhas de propaganda na internet.

Prigojine já é considerado por alguns como "o cozinheiro de Putin". Próximo do Presidente russo, este empresário de São Petersburgo enriqueceu na restauração e fez vários contratos com as forças armadas.

Em relatório recente divulgado pela organização não-governamental Enough Project, Nathalia Dukkan detalhou a crescente influência russa na RCA, desde janeiro de 2018. Até agora, os russos forneceram armas, colocaram instrutores militares, apontaram um conselheiro especial do presidente (Valery Zakharov), que tem a cargo o 'dossiê' da segurança, as suas forças especiais garantem a segurança de Touadéra e planeiam formar militares centro-africanos nas suas academias militares.

Em troca, a presidência da RCA outorgou contratos e concessões mineiras a empresas russas, designadamente à Lobaye Invest, para explorar ouro e diamantes. Dukkan mencionou também a Sewa Security, criada em 2018, que "parece ser o representante local do muito controverso Wagner Group, por vezes descrito como o exército privativo de Vladimir Putin".

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados, e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

O Governo do presidente Faustin-Archange Touadéra, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.

O resto é dividido por 18 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Portugal participa na Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA, comandada pelo tenente-general senegalês Balla Keita, que já classificou as forças portuguesas como os seus 'Ronaldos'.

Portugal tem 204 militares empenhados em missões na RCA, dos quais 159 na MINUSCA - uma companhia de paraquedistas e elementos de ligação -, e 45 na Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA).

A importância da participação portuguesa é ainda salientada pelo facto de o 2.º comandante da MINUSCA ser o general Marco Serronha e o comandante da EUMT-RCA ser outro oficial general português, o brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

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