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Milhares de pessoas em nova manifestação anti-Orban em Budapeste

Vários milhares de pessoas manifestaram-se no domingo em Budapeste, pela quarta vez desde quarta-feira, contra a política do primeiro-ministro nacional-conservador, Viktor Orban, alguns dias após a adoção de uma lei polémica que reduz os direitos laborais.

Milhares de pessoas em nova manifestação anti-Orban em Budapeste
Notícias ao Minuto

05:53 - 17/12/18 por Lusa

Mundo Viktor Orban

Iniciada na Praça dos Heróis, a marcha, convocada pela oposição e pelos sindicatos e que reuniu mais de 15.000 pessoas, segundo as estimativas da imprensa, desembocou na Praça do Parlamento, já palco de três noites de protestos desde a adoção da lei, na quarta-feira.

Numa situação sem precedentes desde o regresso ao poder de Viktor Orban em 2010, todos os partidos da oposição, dos verdes à extrema-direita, passando pelos socialistas e os liberais, desfilaram sob a mesma bandeira para condenar "a lei esclavagista".

A nova lei laboral eleva para 400 por ano -- ou seja, o equivalente a dois meses de trabalho -- o número de horas extraordinárias que um empregador poderá exigir aos seus empregados, com um prazo de pagamento prolongado para até três anos.

"Eles não negoceiam com ninguém, fazem só isto: roubam tudo. Isto é intolerável, não pode continuar assim", disse Zoli, um trabalhador do setor dos transportes, entre manifestantes que gritavam "Orban, vai-te embora com os teus amigos!".

A concentração foi batizada como "Feliz Natal, senhor Primeiro-Ministro", numa referência à resposta que o dirigente político deu para fugir a uma pergunta, desejando apenas "Feliz Natal".

Além da lei do trabalho, os manifestantes exigiram também a revogação de outra lei adotada na quarta-feira, que cria jurisdições específicas para os casos sensíveis, como os recursos de concursos públicos ou os contenciosos eleitorais, alimentando o medo de atentados à independência da Justiça.

Outra das reivindicações era a independência e a objetividade dos meios de comunicação social públicos, bem como a adesão da Hungria à Procuradoria Europeia, rejeitada por Budapeste.

Após o fim da manifestação, pelas 19:00 locais (18:00 em Lisboa), alguns milhares de pessoas, lideradas por deputados da oposição parlamentar -- Akos Hadhazy e Bernadett Szel, antigos membros do partido ecologista LMP e conhecidos na Hungria pelo seu trabalho de combate à corrupção -, marcharam até às instalações da sede da televisão pública, para que a sua petição ali fosse lida.

Depois da recusa da televisão, alguns manifestantes dececionados lançaram objetos e bombas de fumo aos polícias no local, que, como nos últimos dias, ripostaram com granadas de gás lacrimogéneo.

"Isto aqui não é a televisão privada do Fidesz, mas a televisão pública, financiada pelos nossos florins, eles deviam deixar entrar os deputados democraticamente eleitos!", disse uma jovem estudante de Turismo, Lili, citada pela agência noticiosa francesa AFP.

Realizaram-se também concentrações no resto do país, nomeadamente em Szeged, cujo presidente da câmara socialista pediu às empresas do país para boicotarem a nova lei do trabalho.

Esta foi apresentada pelo Governo como oferecendo aos assalariados a possibilidade de aumentarem o seu rendimento e como um meio para colmatar a falta de mão-de-obra na indústria.

As três primeiras noites de manifestações foram marcadas por confrontos com as forças policiais, imputados pelo Governo a "vândalos a soldo de Soros", o multimilionário liberal norte-americano George Soros que Orban nomeou seu inimigo número um.

A oposição, por sua vez, denunciou agentes provocadores contratados pelo poder.

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