Matou mulher que raptou para casar e foi condenado a 20 anos de prisão
Um homem foi condenado hoje a 20 anos de prisão pelo rapto e assassínio de uma mulher com quem queria casar no Quirguistão, país da Ásia Central onde os casamentos forçados continuam a ser comuns.
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Mundo Quirguistão
Um porta-voz do tribunal de Sverdlovski de Bishkek declarou à agência France Presse que Mars Bodoshev foi condenado a 20 anos de prisão, enquanto um cúmplice que o ajudou a raptar a jovem foi sentenciado a sete anos.
Burulai Turdaaly Kyzy, uma estudante de medicina de 20 anos, foi esfaqueada mortalmente em maio numa esquadra da polícia no norte do Quirguistão pelo homem que queria casar com ela e que tentou raptá-la, quando ia testemunhar contra ele.
Bodoshev, 30 anos, tinha sido deixado sozinho com a sua vítima pela polícia, após ter sido detido. Tentou depois suicidar-se e foi hospitalizado.
O assassínio, condenado pelo Presidente quirguize, Sooronbai Jeenbekov, suscitou uma onda de choque e manifestações no pequeno e pobre país de maioria muçulmana.
Duas dezenas de polícias, incluindo o chefe da polícia regional, foram demitidos das suas funções por "negligência" após o caso.
Militantes dos direitos humanos saudaram hoje o veredicto, observando que o drama teve "grande ressonância" na sociedade quirguize.
"Sabemos que os raptos são uma prática comum, mas poucos casos são assinalados à polícia e ainda menos chegam aos tribunais", declarou à AFP a ativista Munara Beknazarova, adiantando esperar um "tratamento mais severo" dos casos de casamentos forçados.
A tradição dos casamentos forçados através do rapto é muito antiga no Quirguistão e resistiu às tentativas da União Soviética de a erradicar.
Após a queda da URSS em 1991 voltou a aumentar e muitos pais recusam registar o desaparecimento das suas filhas. Segundo a ONU, 13,8% das raparigas menores de 24 anos tiveram um casamento forçado pelo seu rapto.
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