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ONG lança nas redes sociais 800 obituários de afogados no Mediterrâneo

A organização não-governamental Sea-Watch lançou hoje nas redes sociais 800 obituários, um por cada pessoa afogada no Mar Mediterrâneo desde que a Itália impediu os barcos de resgate de migrantes de atracar nos seus portos, em junho.

ONG lança nas redes sociais 800 obituários de afogados no Mediterrâneo
Notícias ao Minuto

13:28 - 10/12/18 por Lusa

Mundo Migrações

"Como a política isolacionista europeia tirou a estas pessoas não só a vida como a sua identidade, temos de recorrer a descrições fictícias. Esperamos não ofender os sobreviventes e familiares e fazer a nossa pequena contribuição a uma memoria digna", disse a organização em comunicado.

Sob as etiquetas #UnsereToten (#NossosTotens) e #OurDead (#NossosMortos) leem-se descrições como "O seu riso era contagioso. Afogada frente à costa de Dela, na Líbia, no dia 19 de junho de 2018" ou "Nada lhe era mais importante que os seus amigos. Afogado frente à costa de Tripoli, Líbia, 29 de junho de 2018" e "Um rapaz que ainda acreditava no Pai Natal. Afogado frente à costa de Homs, Líbia, 1 de setembro de 2018".

"O que estamos a viver no Mediterrâneo não é uma crise de refugiados, é uma crise de direitos humanos", denunciou Johannes Bayer, chefe das operações do barco "Sea-Watch 3", que depois de quase quatro meses de bloqueio regressou ao Mediterrâneo para uma missão europeia de resgate.

Segundo o ativista, "enquanto a mortalidade no Mediterrâneo Central alcançou números recorde em setembro, a União Europeia desdenha os seus valores fundamentais e rouba sistematicamente às pessoas os seus direitos inalienáveis".

"No Mediterrâneo não morrem afogados números e dígitos, nem direitos abstratos. No Mediterrâneo morrem pessoas. Esta semana, o nosso barco, o Sea-Watch 3, vai voltar a navegar para evitar isto e para defender os ideais europeus como a solidariedade e os direitos humanos", acrescentou.

A organização criticou ainda a União Europeia por financiar países terceiros para evitar que os migrantes se lancem na corrida à Europa, assim como por transferir a responsabilidade europeia para a guarda costeira da Líbia.

"A União Europeia tenta por todos os meios evitar que as pessoas façam uso do seu direito fundamental de asilo. Mas em alto mar não pode haver um compromisso entre direitos humanos e a proteção contra os fluxos migratórios: ou os salvamo ou deixamo-los afogar-se", sublinhou Johannes Bayer.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações, 800 pessoas perderam a vida desde junho ao tentar atravessar o Mar Mediterrâneo, ainda que se suponha que o número real seja bastante mais elevado.

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