Theresa May está a ser incentivada a não avançar com votação do Brexit
Votação deveria acontecer amanhã.
© Reuters
Mundo Câmara dos comuns
A primeira-ministra britânica esteve à conversa com alguns dos seus mais influentes ministros esta manhã, onde terá sido incentivada a abdicar da votação do Brexit, agendada para amanhã, no Parlamento. A decisão ainda não está tomada, mas segundo fontes próximas ao processo, os conselheiros da primeira-ministra acreditam que existe um grande risco de o acordo não ser aprovado na Câmara dos Comuns.
Esta decisão acontece depois de o Tribunal Europeu ter decidido, esta segunda-feira, que o governo britânico pode reverter a sua decisão de abandonar a União Europeia de forma unilateral, ou seja, sem ter de consultar a opinião dos restantes 27 membros da UE.
May vai fazer a declaração pelas 15:30, seguida por uma declaração da ministra dos Assuntos Parlamentares, Andrea Leadsom, sobre procedimentos no parlamento.
Hoje estava marcado realizar-se o quarto de cinco dias sobre o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia e da declaração sobre as relações futuras, seguido por uma votação na terça-feira.
Porém, a esperada rejeição por dezenas de deputados conservadores e dos 10 deputados do partido Democrata Unionista da Irlanda do Norte, juntamente com a oposição em bloco, composta pelo partido Trabalhista, Liberais Democratas, nacionalistas escoceses e galeses e a deputada do partido Verde, fazia prever uma derrota pesada.
A estação pública BBC e outros meios de comunicação social britânicos estão a citar fontes anónimas dando conta de que a votação vai ser adiada, apesar de um porta-voz da primeira-ministra e vários ministros terem reiterado que o voto se mantinha para terça-feira.
O deputado Will Quince renunciou durante o fim-de-semana ao cargo de secretário Parlamentar de Defesa por se opor ao texto do acordo, alegando que queria ter liberdade para votar contra.
May falou por telefone com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, no domingo à noite, e com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, mas o conteúdo não foi revelado.
O principal motivo de críticas sobre o acordo é a solução de salvaguarda, conhecida por 'backstop', encontrada para garantir que a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda se mantém uma zona livre de controlos alfandegários ou outros obstáculos.
O mecanismo mantém o Reino Unido num sistema aduaneiro com a UE que só será revogado se for substituído por uma outra solução, a qual as duas partes esperam estar pronta no final do período de transição, em dezembro de 2020.
Mas um parecer jurídico do procurador geral britânico admite que o acordo "não providencia um mecanismo que permita ao Reino Unido sair legalmente da união aduaneira sem um acordo subsequente" e conclui que existe um risco de o Reino Unido ficar preso em "rondas de negociações prolongadas e repetidas".
O risco de deixar o pais "indefinidamente" numa situação em que seria obrigado a aceitar as normas impostas pela UE sem poder intervir na sua formulação colocou deputados eurocéticos e pró-europeus do mesmo lado, contra o acordo.
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