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PSOE perde apoios para a abstenção e a direita em bastião histórico

A abstenção nas eleições de domingo, a viragem à esquerda ou até à direita foram opções de alguns socialistas andaluzes desiludidos com o PSOE que a Lusa ouviu no bairro sevilhano da Macarena, bastião da esquerda.

PSOE perde apoios para a abstenção e a direita em bastião histórico
Notícias ao Minuto

13:45 - 05/12/18 por Lusa

Mundo Sevilha

Os socialistas espanhóis viram a sua base de apoio diminuir nas eleições de domingo na Andaluzia, esperando que a desmobilização da esquerda não se alastre ao resto do país na próxima consulta popular, em maio de 2019.

O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) foi a formação política mais votada nas eleições regionais andaluzes, como tem disso nos últimos 36 anos, mas com os piores resultados de sempre, numa consulta em que a soma dos partidos de direita conseguiu a maioria absoluta dos deputados regionais, com o aparecimento do Vox, de extrema-direita.

A agência Lusa esteve no bairro sevilhano da Macarena, bastião da esquerda que continua a ser maioritária, mas onde a abstenção e a direita vão ganhando terreno.

"Eu era socialista, desta vez votei Podemos [extrema-esquerda], mas sem grande convicção", disse José, de 38 anos, atrás do balcão de um café no Mercado de Feria, acrescentando que alguns amigos não foram votar, porque "já não acreditam num PSOE que está mais interessado em gerir a sua rede de influências".

Numa banca ao lado, Encarni, de 32 anos, também não foi votar, convencida de que "todos roubam e não vale a pena" e explicando que "apenas os mais velhos e as pessoas do campo é que continuam a votar no PSOE".

A desmobilização do eleitorado socialista é a principal razão apontada pela direção regional do PSOE para explicar a diminuição de 35,41% em 2015 para 27,95% agora da votação no partido, que teve como consequência uma diminuição em 14 deputados, de 47 para 33 lugares num total de 109.

A taxa de participação nas eleições andaluzas ficou nos 58,6%, a mais baixa desde os 55,4% verificados em 1990, com a província de Sevilha a ser particularmente penalizada.

No bairro da Macarena houve 3.611 eleitores que deixaram de votar nos socialistas, uma diminuição de quase 30 por cento em relação às eleições de 2015.

Para Encarni, os socialistas mantêm um apoio fiel numa bolsa importante de funcionários públicos que devem o seu emprego a este partido e que "têm medo" de perder os seus privilégios.

Um colega de trabalho, José, de 36 anos, defendeu que algumas pessoas votaram na direita e na extrema-direita por "razões estratégicas", para que o PSOE deixe de estar no poder e possa haver uma "renovação" da classe dirigente.

A economia andaluza assenta em muito no setor turístico com uma parte importante da sua população a depender ainda do setor agrícola com poucos rendimentos.

A Comunidade Autónoma, que tem quase a dimensão e a população de Portugal, tem 40% dos seus habitantes em "risco de pobreza" e os jovens continuam a ir para o estrangeiro à procura de uma vida melhor.

Apesar da derrota, a direção socialista, em Madrid, aceitou a continuação da líder regional e ainda presidente da Junta da Andaluzia (Governo regional), pedindo-lhe que tome medidas para "regenerar" o partido.

Susana Díaz e Pedro Sánchez lutaram em junho de 2017 pela secretaria-geral do PSOE, tendo este último acabado por ganhar e subir a primeiro-ministro em junho de 2018.

A líder regional terá dificuldade em manter-se na direção do partido na Andaluzia no caso de a direita conseguir formar Governo nas próximas semanas e afastar os socialistas em Sevilha.

As eleições andaluzas foram um teste importante para o Governo minoritário socialista, que chegou ao poder há seis meses, e também para as forças de direita, a alguns meses das eleições autárquicas, autonómicas e europeias de maio próximo.

O executivo nacional liderado por Pedro Sánchez tem tido dificuldade em aprovar as suas políticas em Madrid e esperava agora obter uma indicação de aumento do apoio popular que lhe permitisse, eventualmente, antecipar as eleições legislativas previstas para junho de 2020, o que não aconteceu.

Nas eleições de domingo na Andaluzia, o PSOE obteve 27,95% dos votos (antes tinha 35,41%), o Partido Popular 20,75% (26,74%), Cidadãos (direita liberal) 18,27% (9,28%), Adelante Andalucia 16,18% (21,18%) e o Vox 10,97 (0,46%).

Em termos assentos no parlamento regional, de 109 lugares, o PSOE passou de 47 para 33 deputados regionais, o PP de 33 para 26, o Cidadãos de nove para 21, Adelante Andalucia de 20 para 17 e o Vox tem pela primeira vez 12.

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