Merkel pede contenção a Kiev depois de Ucrânia pedir intervenção da Nato
A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu hoje contenção a Kiev, após o apelo do presidente ucraniano para a Nato enviar navios para o Mar de Azov para enfrentar a Rússia no conflito ao largo da costa da Crimeia.
© Reuters
Mundo Conflito
"Também instamos o lado ucraniano a manter-se informado, porque só poderemos resolver as coisas permanecendo razoáveis, discutindo uns com os outros. Não pode haver uma solução militar para estes confrontos", disse Merkel em Berlim, num fórum económico germano-ucraniano.
Numa entrevista ao jornal alemão Bild divulgada hoje, o presidente Petro Poroshenko manifestou esperança de que a Nato "realocasse navios para o Mar de Azov a fim de ajudar a Ucrânia e garantir segurança" contra as ambições expansionistas do presidente russo Vladimir Putin.
O apelo surge após o incidente do fim de semana, em que a guarda costeira russa disparou e capturou três navios ucranianos e suas tripulações.
A Nato disse, entretanto, que já tem uma forte presença na região do Mar Negro.
A porta-voz da aliança, Oana Lungescu, afirmou que os navios da Nato, por rotina, patrulham e exercitam no Mar Negro e passaram no local 120 dias este ano, em comparação com 80 passados em 2017.
Relativamente aos acontecimentos do fim de semana, a Rússia alegou que os navios ucranianos não tinham permissão para passar do Mar Negro para o Mar de Azov, através do Estreito de Kerch, entre a Rússia continental e a Península da Crimeia, anexada da Ucrânia em 2014. A Ucrânia respondeu que os seus navios operavam de acordo com regras marítimas internacionais.
"Putin não quer nada menos do que ocupar o mar", afirmou Poroshenko, acrescentando: "A única linguagem que ele entende é a unidade do mundo ocidental".
O Presidente russo, por seu lado, criticou o Ocidente pelo que apelidou de conivência com a "provocação" da Ucrânia.
"As autoridades em Kiev estão a vender com sucesso os sentimentos anti-russos, já que não têm mais nada para vender", disse.
A chanceler alemã afirmou, por sua vez, que pretende pressionar o presidente Vladimir Putin, na cimeira do G-20 deste fim de semana, na Argentina, e pedir a libertação dos navios e das tripulações.
Hoje, Merkel pediu a garantia da integridade territorial da Ucrânia e referiu-se ao que foi prometido a este respeito pelo Reino Unido e os Estados Unidos, mas também pela Rússia, no Memorando de Budapeste de 1994.
"Temos a obrigação de cumprir o que prometemos", recordou a chanceler alemã, lembrando o acordo, pelo qual a Ucrânia entregou as suas armas nucleares do tempo da União Soviética em troca de garantias quanto à sua integridade territorial.
Em resposta aos acontecimentos do fim de semana, Poroshenko impôs a lei marcial em grande parte do país, um movimento que ganhou o apoio parlamentar.
Putin acusou seu homólogo ucraniano de provocar o incidente naval numa tentativa de impor a lei marcial para sustentar a sua popularidade relativamente aos seus adversários antes das eleições presidenciais de março.
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