Assim o indicaram o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e o Presidente chinês, Xi Jinping, após um encontro realizado no palácio da Moncloa, no âmbito da primeira visita de Estado de um chefe de Estado chinês a Espanha nos últimos 13 anos, e a primeira de Xi a um país europeu após a sua reeleição, no Congresso Nacional do Partido Comunista da China, no passado mês de outubro.

A visita começou com a receção oficial que os reis Filipe VI e Letícia ofereceram a Xi Jinping e à mulher no Palácio Real, após a qual o Presidente chinês recebeu a Chave de Ouro de Madrid e participou numa cerimónia solene no Senado, onde proferiu um discurso encorajando a Espanha a "subir novos degraus" na amizade e cooperação entre os dois países e a participar na iniciativa da Nova Rota da Seda de desenvolvimento.

Em troca, Xi assegurou que a China fará "mais esforços para abrir ainda mais as suas portas ao mundo", agilizando o acesso aos seus mercados, potenciando a importação de mais produtos de qualidade e desenvolvendo o mercado interno.

No seu discurso, o Presidente chinês sublinhou a importância de estabelecer relações mais próximas entre ambos os países, para aproveitar o impulso económico e fortalecer a colaboração política "em benefício mútuo".

Em seguida, Xi Jinping deslocou-se ao Palácio da Moncloa, onde foi recebido por Sánchez, com quem manteve uma reunião de trabalho, na qual ambos concordaram numa "visão do comércio global sob normas estabelecidas e na defesa do multilateralismo", indicou o gabinete do primeiro-ministro espanhol em comunicado.

Prova dessa sintonia são os 35 pontos de uma declaração conjunta assinada pelos dois dignitários, com a qual se "relança a relação estratégica integral" e pormenoriza a vontade de ambos de avançar nas relações políticas, económicas e culturais.

Sánchez e Xi presidiram também à assinatura de oito acordos bilaterais, entre os quais se destacam os protocolos de exportação de uva de mesa e carne de porco, que pressupõem a abertura 'de facto' do mercado chinês a estes produtos, firmados pelos respetivos embaixadores, Rafael Dezcallar e Lyu Fan.

As delegações rubricaram igualmente acordos em áreas como mercados terceiros, dupla tributação, emprego e segurança social, e a criação de centros culturais.

Além disso, foi assinada uma dezena de acordos comerciais entre empresas como Telefónica, Técnicas Reunidas, Seat, Abengoa e Indra.

A eles se somou ainda um memorando de entendimento entre o Instituto de Crédito Oficial (ICO) e o Bank of China Limited, e outro entre o Porto de Algeciras e o Grupo Portuário Ningbo Zhoushan, informou o Palácio da Moncloa.

A dimensão económico-empresarial da visita viu-se reforçada pela constituição do Conselho Consultivo Empresarial Chino-Espanhol, em cuja primeira reunião participaram representantes de 15 grandes empresas chinesas e outras 15 espanholas.