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Hillary Clinton pede à Europa que trave apoio a refugiados

A ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton defendeu que a Europa deve travar a ajuda a refugiados, numa entrevista divulgada quinta-feira pelo The Guardian, o que motivou críticas da esquerda e elogios da direita.

Hillary Clinton pede à Europa que trave apoio a refugiados
Notícias ao Minuto

17:25 - 23/11/18 por Lusa

Mundo Estados Unidos

Os líderes europeus devem enviar uma mensagem clara de que não oferecerão mais "refúgio e apoio" a migrantes, se quiserem travar o populismo de direita, disse Hillary Clinton, numa entrevista publicada na quinta-feira pelo jornal britânico.

Horas depois, não se fizeram esperar reações, da direita e da esquerda, com defensores da imigração a mostrarem-se perplexos pelas declarações da ex-secretária de Estado de Barack Obama e líderes de direita a elogiar a perspicácia de Clinton.

Hillary Clinton disse na entrevista que a decisão de vários países de receber refugiados era "admirável" e enalteceu o espírito de abertura dos governos que procuram incluir os milhões de migrantes que procuram a Europa.

Contudo, a ex-candidata presidencial considerou que essa abertura está na base de muitos dos receios de europeus que encontram acolhimento político nos movimentos de extrema-direita.

"Eu penso que a Europa precisa de controlar a migração, porque é isso que está a acender as chamas", disse Hillary Clinton na entrevista conduzida ainda antes das eleições intercalares nos EUA, mas apenas ontem divulgada, no âmbito de um 'dossiê' do The Guardian sobre os grandes temas da atualidade.

"Eu admiro a abordagem muito generosa e compassiva de líderes como Angela Merkel, mas penso que é justo dizer que a Europa já fez a sua parte e deve agora enviar uma mensagem clara -- "não vamos continuar a dar refúgio e apoio" - porque se não lidarmos com o tema da migração ele vai contaminar a discussão política", afirmou a ex-secretária de Estado dos EUA.

"Fiquei em choque", disse Eskinder Negash, presidente e diretor executivo do Comité para os Refugiados e Imigrantes dos EUA, em reação às palavras de Hillary Clinton.

"Se ela está simplesmente a dizer que precisamos de deixar de apoiar refugiados que procuram a Europa com receio de perseguição, apenas para acalmar líderes políticos de extrema-direita, isso não é correto", conclui Negash, citado pelo jornal The New York Times.

Tanja Bueltmann, professora de História da Universidade de Northumbria, no Reino Unido, citada por agências internacionais, também considera que a perspetiva de Clinton é "tragicamente injusta".

"Em último caso, a imigração não é um problema que inflama os eleitores: há temas mais relevantes, como a austeridade, que são a real razão", explica Bueltmann, referindo-se às causas do crescimento eleitoral de movimentos extremistas na Europa.

Nos setores ultraconservadores, a entrevista de Hillary Clinton teve uma reação bem mais positiva.

O movimento de extrema-direita Alternativa para a Alemanha, que teve importantes resultados em recentes eleições regionais e nacionais, já se congratulou com as declarações de Hillary Clinton, considerando-as "lúcidas e pertinentes", em declarações a média na Baviera.

Giorgia Meloni, líder do movimento de extrema-direita Irmãos de Itália, considerou hoje que Clinton "percebeu bem a lição", considerando que "se não controlarmos a migração vamos afetar especialmente as pessoas mais pobres, pessoas vivendo nos subúrbios, da classe trabalhadora".

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