Polícia com dificuldades em recuperar corpo de turista morto por tribo
As autoridades indianas revelaram hoje que estão a ter dificuldades para recuperar o corpo de um cidadão norte-americano, morto na ilha de Sentinela do Norte, habitada por tribos indígenas de caçadores-recoletores.
© iStock
Mundo Índia
John Allen Chau foi morto na semana passada por habitantes de Sentinela do Norte, que o terão atingido com flechas e enterrado o seu corpo na praia, segundo as autoridades.
Na ilha, onde nem as autoridades vão, vive-se como há milhares de anos e os estrangeiros são encarados como uma ameaça.
"É uma empreitada difícil", disse Dependera Pathak, diretor-geral da polícia das ilhas indianas de Andaman e Nicobar, onde se localiza North Sentinel.
"Vamos ver o que é possível fazer, tendo em atenção a sensibilidade do grupo e os requisitos legais", acrescentou.
Pathak defende que é preciso "ter atenção para não perturbar" a ilha ou os seus habitantes. "É uma zona extremamente sensível e vai demorar algum tempo", disse.
A polícia está a consultar antropólogos, especialistas em preservação das tribos e académicos para tentar criar um plano para recuperar o cadáver do norte-americano.
As visitas à ilha são muito restritas, e Chau, que não tinha autorização, pagou a um pescador para o levar até próximo de Sentinela do Norte, usando um "kayak" e levando consigo presentes como uma bola de futebol e peixe.
"Foi uma aventura tola", defendeu P.C. Joshi, um professor de antropologia da Universidade de Nova Deli, com estudos realizados sobre as ilhas.
"Ele motivou a agressão", acrescentou, apontando que a visita não colocou apenas em risco a vida de Chau, mas de todos os habitantes da ilha, que têm pouca resistência a várias doenças.
"Não são imunes a nada. Uma simples gripe pode matá-los", disse.
Segundo notas do próprio, no primeiro dia Chau interagiu com alguns homens da tribo - que vive da caça, pesca e recolha de plantas -, até que se tornaram agressivos e o alvejaram com uma flecha.
O homem, de 26 anos, que se apresentava como aventureiro e missionário cristão, regressou ao barco do pescador, tendo registado por escrito os acontecimentos do dia.
Depois de deixar as notas com o pescador, regressou à ilha no dia seguinte, 16 de novembro, desconhecendo-se o que aconteceu a seguir.
Na manhã seguinte, o pescador afirma ter visto os homens da tribo a carregarem o corpo de Chau e a enterrá-lo na praia.
O diretor da polícia disse que sete pessoas foram detidas, incluindo cinco pescadores, um amigo de Chau e um guia turístico local, por terem ajudado o norte-americano.
Chau terá aparentemente sido atingido e morto por flechas, mas a causa da morte só poderá ser confirmada depois de recuperado o corpo, disse Pathak.
As autoridades dizem que Chau chegou à região a 16 de outubro e ficou em outra ilha, enquanto preparava a viagem para Sentinela do Norte, naquela que era a sua terceira deslocação as ilhas Andamão (2015 e 2016).
Depois de ter percebido que Chau tinha morrido, o pescador voltou para Port Blair, capital do arquipélago, onde alertou o amigo e a família de Chau.
A polícia sobrevoou a ilha na terça-feira e uma equipa da polícia e do departamento florestal usaram um barco da guarda costeira para viajar para lá na quarta-feira, estando prevista para hoje uma nova viagem.
Segundo Mat Staver, fundador de um programa religioso que Chau frequentou, ele sempre quis visitar Sentinela do Norte para partilhar o cristianismo com as populações indígenas.
"Não foi lá apenas por aventura, foi para levar a mensagem de Jesus", disse.
Chau vivia no estado norte-americano de Washington, tendo frequentado a Vancouver Christian High School, e posteriormente a Oral Roberts University, uma universidade de cristã em Oklahoma.
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