"Parece-me que todos os Estados-membros concordaram com o princípio de prever a possibilidade de prolongar o período de transição, mas não há uma decisão tomada. Parece-me razoável prolongar uma vez, por um tempo limitado, o período de transição, se for necessário. Não há uma decisão tomada, contudo não percebi desacordos sobre essa hipótese", esclareceu.

Michel Barnier disse esperar propor esta semana, em conivência com Londres, uma data limite para o prolongamento do período de transição, que termina a 31 de dezembro de 2020, mas escusou-se a antecipar qual será a fatura a pagar pelo Governo britânico pela extensão da presença no mercado único.

O rascunho do acordo de saída do Reino Unido do bloco comunitário, apresentado na quarta-feira, contém uma cláusula que prevê a extensão do período de transição por "um período único e limitado".

"Ninguém devia perder a noção dos progressos que foram alcançados em Bruxelas e Londres. Estou satisfeito por todos os Estados-membros terem apoiado o rascunho de acordo. [...] Este acordo é justo e equilibrado e tem em conta as posições do Reino Unido. Este acordo permite uma saída ordenada que era a nosso objetivo. Uma saída ordenada é a condição para uma ambiciosa parceria futura", defendeu.

O principal negociador comunitário referiu que, neste momento, o foco das equipas de negociadores é delinear o quadro da parceria futura.

"Numa futura parceria, UE e Reino Unido vão manter total controlo das suas legislações. Isto é essencial para nós, de modo a preservar o mercado único, e para o Reino Unido, de forma a recuperar o controlo. Agora, mais do que nunca, devemos manter-nos calmos e manter o foco na necessidade de o Reino Unido sair de forma ordenada da UE", completou.

Barnier voltou a recordar que foi o Reino Unido que quis abandonar o bloco comunitário, em 29 de março, e que sublinhou que o período de transição não poderá ser o início do quadro da relação futura, mas sim "um tempo útil" para que as negociações prossigam.

"Não sabemos o que vai acontecer depois, teremos de negociar. Ninguém tem certezas de um lado ou do outro", rematou no final do Conselho dos Assuntos Gerais extraordinário, dedicado ao Artigo 50, em Bruxelas.

Ao seu lado, o ministro austríaco para a Europa, Gernot Blumel, salientou a unidade dos 27 durante o processo das negociações, considerando que "o primeiro passo difícil foi dado".

"A questão agora é se este acordo é aprovado no parlamento britânico e no Parlamento Europeu", frisou.