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Bispos dos EUA querem medidas anti-abuso apesar de pedido de adiamento

Vários bispos católicos dos Estados Unidos pediram, numa conferência episcopal que termina hoje, que sejam tomadas medidas contra abusos sexuais por membros do clero, apesar de uma ordem do Vaticano para adiar a votação de propostas nesse sentido.

Bispos dos EUA querem medidas anti-abuso apesar de pedido de adiamento
Notícias ao Minuto

14:24 - 14/11/18 por Lusa

Mundo Religião

O bispo Thomas Paprocki, de Springfield, estado de Illinois, sugeriu uma votação não vinculativa para transmitir um sentimento de comprometimento dos bispos em relação aos esforços contra os abusos.

"Não somos gerentes de filiais do Vaticano", disse Thomas Paprocki adiantando que o povo pede alguma ação.

O bispo George Murry, de Youngstown, estado de Ohio, fez eco do pedido de Paprocki, dizendo que paroquianos e padres na sua diocese estão "muito, muito zangados".

A assembleia da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos começou na segunda-feira com um anúncio surpresa do cardeal Daniel DiNardo de Galveston-Houston.

Segundo o presidente da Conferência de Bispos, o Vaticano ordenou que adiassem a votação das propostas contra o abuso para depois de uma reunião global marcada pelo papa Francisco para fevereiro.

DiNardo indicou que havia duas razões principais para a ordem do Vaticano: garantir que as medidas tomadas pelos bispos dos EUA estivessem em harmonia com os passos decididos na reunião de fevereiro e dar mais tempo para examinar os aspetos das propostas dos EUA que poderiam entrar em conflito com a igreja.

Mesmo sem a opção de uma votação formal, os bispos dos EUA procederam à discussão das duas principais propostas: Um novo código de conduta para os bispos e a criação de uma comissão especial de nove membros, incluindo seis especialistas leigos e três membros do clero, para examinar as queixas contra os bispos.

No entanto, os bispos estão sob pressão para tomar medidas adicionais, como sublinhou, num discurso na terça-feira, Francesco Cesareo, presidente do Conselho Nacional de Revisão, que os bispos criaram em 2002 para monitorizar os esforços da Igreja para evitar abuso sexuais por parte de clérigos.

"A resposta a esta crise foi incompleta", disse Cesareo, pedindo mais responsabilidade e considerando "vergonhoso que o pecado do abuso tenha sido escondido e permitido apodrecer até ser descoberto pelo mundo secular".

Francesco Cesareo citou um relatório de um grande júri, divulgado em agosto no estado da Pensilvânia, que detalhou décadas de abuso e encobrimento em seis dioceses, alegando que mais de 1.000 crianças haviam sido abusadas ao longo dos anos por cerca de 300 padres.

Desde então, um promotor federal em Filadélfia, a maior cidade da Pensilvânia, começou a trabalhar no caso criminal federal centrado na exploração infantil, e procuradores-gerais em pelo menos 11 outros estados abriram investigações.

Francesco Cesareo exortou todos os bispos dos EUA a conduzir uma revisão completa dos arquivos das suas dioceses, desde pelo menos 1950, e a divulgar uma lista de todos os membros do clero que tenham sido acusados de abuso sexual de menores ou adultos vulneráveis.

Cesareo também defendeu uma proposta da conferência dos bispos para uma investigação completa ao escândalo envolvendo o líder da Igreja norte-americana, o cardeal Theodore McCarrick, a quem o papa retirou do cargo depois de investigadores da igreja terem considerado credível o abuso de um jovem em 1970.

Posteriormente vários ex-seminaristas e padres relataram que também tinham sido abusados ou assediados por McCarrick enquanto adultos, provocando um debate sobre quem poderia ter conhecido e encoberto a sua má conduta.

Entre os que compareceram à assembleia estava o ex-bispo Robert Finn, que se declarou culpado por não denunciar um suspeito de abuso infantil.

Em 2015, o papa Francisco aceitou a renúncia de Finn, à luz do código canónico que permite que os bispos renunciem cedo por motivo de doença ou por algum motivo "grave" que os torne impróprios para o cargo.

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