Carta inédita revela receios de Einstein antes de nazis chegarem ao poder
Uma década antes de os nazis chegarem ao poder na Alemanha, o físico Albert Einstein estava já em fuga e com medo do futuro do seu país, segundo uma carta manuscrita agora revelada.
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Mundo Manuscrito
Einstein tinha acabado de saber que o seu amigo de longa data e colega judeu, ministro dos negócios estrangeiros da Alemanha, Walther Rathenau, fora assassinado por extremistas de direita e que a sua própria vida estava em risco.
Então, em 1922, o célebre físico fugiu de Berlim e refugiou-se no norte da Alemanha.
A carta manuscrita agora revelada foi escrita nesse momento, dirigida à sua irmã mais nova, Maja, alertando-a sobre os perigos do emergente nacionalismo e antissemitismo, ainda antes de os nazis terem chegado ao poder, em 1933.
A carta, até agora desconhecida, foi apresentada por um colecionador anónimo e deve ir a leilão, na próxima semana, em Jerusalém, com um preço de licitação inicial de 12 mil dólares (cerca de 10 mil euros).
Letter reveals Einstein's fears of growing nationalism, anti-Semitism https://t.co/k3s3PXxLi7 pic.twitter.com/EfCluiecvJ
— News Vire (@newsvire1) 9 de novembro de 2018
O documento tem data de 1922 e mostra que Einstein estava seriamente preocupado com o futuro da Alemanha, um ano antes de um primeiro golpe dos nazis, falhado, para tentarem chegar ao poder.
"Estão a formar-se tempos económica e politicamente sombrios, fico feliz por me afastar de tudo", escreveu Albert Einstein na carta, presumivelmente remetida quando o físico estava hospedado na cidade portuária de Kiel (no norte da Alemanha).
"A carta revela-nos os pensamentos na mente e no coração de Einstein, num estádio preliminar do terror nazi", disse Meron Eren, coproprietário da empresa que vai levar o documento a leilão.
Einstein escrevia: "Estou bem, apesar do antissemitismo entre os meus colegas alemães. Estou aqui recolhido, sem barulho e sem sentimentos desagradáveis, e estou a ganhar o meu dinheiro, independente do Estado, por isso sou, realmente, um homem livre".
O diretor assistente do Projeto Einstein, no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Caltech, nos EUA, Ze'ev Rosenkrantz, disse que esta não era a primeira vez que Einstein alertava para o antissemitismo alemão, mas capturou o seu estado de espírito neste momento importante da sua vida.
Nesse mesmo ano de 1922, Einstein recebeu o prémio Nobel da Física.
Einstein viria a renunciar à cidadania em alemã em 1933, depois de Hitler se tornar Chanceler. O físico foi viver para os EUA, onde permaneceu até à sua morte, em 1955.
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