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Bolsonaro sabe que "não pode" romper relações económicas com a China

O professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Andrés Malamud, afirmou hoje que o novo Presidente eleito brasileiro gostava de romper relações económicas com a China, mas o país está demasiado dependente para o poder fazer.

Bolsonaro sabe que "não pode" romper relações económicas com a China
Notícias ao Minuto

13:21 - 30/10/18 por Lusa

Mundo Andrés Malamud

"Ele gostava de fazer, mas não pode", já que "o crescimento [do Brasil] está colado com o crescimento da China", argumentou o investigador argentino, especialista em política latino-americana.

Durante uma conferência organizada pela Fundação Rui Cunha em Macau, Andrés Malamud considerou que se o Presidente eleito brasileiro, Jair Bolsonaro, "cortar com a China, o Brasil cai".

"Se o Brasil aposta nos Estados Unidos fica a perder", apontou, comentando que "quase 18% do comércio brasileiro depende da China".

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro acusou a China de manter uma atitude "predatória" nos investimentos realizados no Brasil.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil e o principal investidor externo no país sul-americano, tendo comprado, nos últimos anos, ativos estratégicos nos setores da energia ou mineração.

"A China não está comprando no Brasil, ela está comprando o Brasil. Você vai deixar o Brasil na mão do chinês", acusou Bolsonaro, durante a campanha eleitoral.

Bolsonaro tornou-se ainda o primeiro candidato presidencial brasileiro a visitar Taiwan desde que o Brasil reconheceu Pequim como o único Governo chinês, em 1974, aderindo ao princípio 'uma só China', visto pelo regime chinês como garantia de que Taiwan é parte do seu território.

Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação pacífica", mas ameaça "usar a força" caso a ilha declare independência. Já a ilha onde se refugiou o antigo Governo nacionalista chinês depois de os comunistas tomarem o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.

Para o investigador, as afirmações de Bolsonaro expressam apenas "o sentimento das elites militares brasileiras", que olham com preocupação para a crescente preponderância de Pequim na América Latina.

"Este ano três país da América Latina" romperam as relações com Taiwan e aliaram-se à China, lembrou.

Taipé e Pequim atravessam um período de renovadas tensões, desde 2016, e cinco Estados já romperam relações com Taipé, incluindo São Tomé e Príncipe.

Taiwan conta agora com apenas 17 aliados diplomáticos no mundo, nove dos quais na América Latina e nas Caraíbas.

Na opinião de Andrés Malamud, Bolsonaro vai continuar com o discurso anti-China, "mas vai continuar as relações com a China".

Em relação às eleições brasileiras, Andrés Malamud apontou a criminalidade e a corrupção como as principais razões para a vitória de Jair Bolsonaro.

O candidato do Partido Social Liberal (PSL), extrema-direita, Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º Presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.

De acordo com os dados do Supremo Tribunal Eleitoral, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, com o escrutínio provisório (99,99% das urnas apuradas) a apontar para 21% de abstenção do total de eleitores inscritos (mais de 147,3 milhões).

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