A aguardada decisão, conhecida após mais de cinco anos de deliberação no tribunal de Seul, poderá desencadear uma disputa diplomática entre os aliados asiáticos dos EUA, com implicações em processos semelhantes que estão pendentes na Coreia do Sul.
Casos de mulheres sul-coreanas forçadas à escravidão sexual durante a guerra, por exemplo, complicaram já os esforços de Washington para fortalecer a cooperação trilateral e lidar com a ameaça nuclear de Pyongyang, ou com a crescente influência chinesa na região.
O porta-voz do Ministério das Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Noh Kyu-duk, declarou que Tóquio e Seul "deverão reunir sabedoria" para evitar que a decisão afete negativamente as relações bilaterais.
De acordo com órgãos de comunicação nipónicos, as autoridades de Tóquio já consideraram levar os casos ao Tribunal Internacional de Justiça, se os países não as resolverem diplomaticamente.
Na decisão proferida hoje, o tribunal disse que a japonesa Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation deve compensar cada um dos quatro queixosos em 100 milhões de won (77.214 euros).
Entre eles, apenas Lee Chun-sik, de 94 anos, sobreviveu à batalha legal que se estendeu por quase 14 anos.
"Eu venci o caso, mas estou aqui sozinho, por isso estou triste" disse Lee aos jornalistas, após a decisão. "Teria sido bom se ainda estivéssemos aqui todos", acrescentou.
O tribunal rejeitou o argumento da Nippon Steel de que a questão de compensar os trabalhadores forçados já havia sido resolvida por um tratado de 1965 entre os governos para restaurar os laços diplomáticos.
O tribunal também ignorou o argumento da empresa, que advoga ser uma entidade diferente da siderúrgica que empregou os sul-coreanos durante a guerra.
Tóquio defende que os 500 milhões de dólares que o Japão forneceu à Coreia do Sul sob o tratado de 1965 foram destinados a resolver permanentemente todos os problemas de compensação em tempo de guerra.
Não obstante, o Supremo Tribunal argumentou que o tratado não extingue os direitos dos indivíduos de procurar uma compensação pelas experiências "desumanas e ilegais" pelas quais foram forçados.
Os quatro queixosos avançaram com uma ação contra a Nippon Steel em 2005, depois de perderam uma ação similar no Japão.
Em 2012, o Supremo revogou as decisões dos tribunais inferiores que rejeitaram a indemnização e, um ano depois, determinou que a empresa deveria pagar 100 milhões de won a cada um.
Hoje, cinco anos depois da empresa recorrer desta decisão, a indemnização foi decretada.