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Último artigo de Khashoggi defendia liberdade de expressão no mundo árabe

A urgência da liberdade de expressão e de imprensa nos países árabes domina o último artigo enviado pelo jornalista saudita Jamal Khashoggi ao jornal Washington Post, que decidiu publicar o texto na quarta-feira.

Último artigo de Khashoggi defendia liberdade de expressão no mundo árabe
Notícias ao Minuto

07:07 - 18/10/18 por Lusa

Mundo Processos

"O Post suspendeu a publicação [do artigo] porque esperávamos que Jamal voltasse para o editarmos juntos. Agora tenho de aceitar: isso não vai acontecer", disse a editora Karen Attiah, que recebeu o artigo um dia depois do seu desaparecimento, no passado dia 02.

Na sua coluna, intitulada "O que o mundo árabe mais precisa é de liberdade de expressão", Khashoggi argumenta que a maioria dos cidadãos dos países árabes estão "mal informados" e, por isso, "não conseguem lidar adequadamente, muito menos discutir em público, as questões que afetam a região e o seu quotidiano".

"Uma narrativa dirigida pelo Estado domina a opinião pública e, embora muitos não acreditem nisso, uma grande maioria da população é vítima dessa falsa narrativa, e, infelizmente é improvável que essa situação mude", disse o jornalista saudita.

Para Khashoggi, "os governos árabes deram rédea livre para silenciar cada vez mais os 'media'", incluindo a internet, de tal modo que a região "enfrenta a sua própria versão da cortina de ferro, imposta não por atores externos, mas por forças do poder de disputa interna".

Além da censura interna, o jornalista saudita lamenta no seu artigo que, com exceção do Catar, os demais países não relatam os eventos que acontecem na região para preservar a "velha ordem árabe".

Jamal Khashoggi, um crítico do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, era colaborador do Washington Post e vivia nos Estados Unidos desde 2017.

"O mundo árabe precisa de uma versão moderna da velha imprensa internacional (modelo) para que os seus cidadãos possam ser informados sobre questões globais e, mais importante, temos que oferecer uma plataforma para as vozes árabes", defendeu.

No dia 02 de outubro, Jamal Khashoggi, foi visto a entrar no edifício do consulado saudita em Istambul, onde ia pedir documentação para o seu casamento com uma cidadã turca, e não chegou a sair.

O diário The New York Times e a estação televisiva CNN noticiaram na segunda-feira que a Arábia Saudita planeia reconhecer que o jornalista morreu sob a sua custódia no consulado, numa operação cujo controlo lhe escapou, um interrogatório que "correu mal", mas que tentará distanciar dos acontecimentos a cúpula do reino.

Segundo o diário nova-iorquino, cinco dos supostos 15 envolvidos no caso são próximos do príncipe herdeiro.

Na terça-feira, a CNN noticiou, citando uma fonte turca, que Jamal Khashoggi foi mesmo assassinado dentro do consulado saudita de Istambul há duas semanas e que o seu corpo foi depois desmembrado para ser retirado do edifício.

A polícia turca iniciou na quarta-feira buscas à residência do cônsul saudita, Mohammad Al-Otaibi, que, segundo a imprensa turca, estava presente no consulado quando Khashoggi foi morto, e que abandonou Istambul na terça-feira à tarde com destino a Riade.

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