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Zona desmilitarizada em Idlib em risco se ‘jihadistas’ não retirarem

A zona desmilitarizada na província síria de Idlib prevista no acordo russo-turco deve ser criada até segunda-feira, mas, retiradas as armas, receia-se que os ‘jihadistas’ não cumpram a sua parte de abandonar a área.

Zona desmilitarizada em Idlib em risco se ‘jihadistas’ não retirarem
Notícias ao Minuto

08:57 - 14/10/18 por Lusa

Mundo Síria

O acordo assinado a 17 de setembro entre a Turquia, que apoia os rebeldes, e a Rússia, aliada do regime, previa que rebeldes e ‘jihadistas’ retirassem da faixa fronteiriça de 15 por 20 quilómetros todo o armamento pesado até à passada quarta-feira, o que foi respeitado.

Uma segunda exigência é a retirada da futura ‘zona-tampão’, até dia 15, de todos os ‘jihadistas’, nomeadamente dos da organização Hayat Tahrir al-Sham (HTS), dominada pelo ramo sírio da Al-Qaida e que controla 60% da província.

Até sexta-feira, segundo a agência France Presse, os ‘jihadistas’ não tinham mostrado qualquer sinal de retirada.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos indicou que “nenhum membro das fações ‘jihadistas’ se retirou até agora” dos setores que devem integrar a futura zona desmilitarizada.

A situação preocupa organizações humanitárias, que alertaram no mesmo dia para um ressurgimento da violência se o acordo não for concluído nos próximos dias.

“Se o acordo falhar e forem lançadas operações militares, centenas de milhares de pessoas vão sofrer para conseguir a ajuda de que tanto precisam”, advertiu Lorraine Bramwell, chefe do Internacional Rescue Committee (IRC) – Síria.

Num comunicado, as organizações não-governamentais CARE International, Mercy Corps e Save the Children, além da IRC, que trabalham nesta província no noroeste da Síria, indicaram que os “civis que recebem ajuda disseram temer um ressurgimento da violência nos próximos dias se o acordo falhar”, assinalando que “mesmo uma ofensiva militar limitada pode deslocar centenas de milhares de pessoas”.

O acordo foi assinado para evitar uma ofensiva do regime de Bashar al-Assad ao último grande bastião rebelde sírio, cujos potenciais efeitos catastróficos para a população civil preocupa a comunidade internacional.

O enviado da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, reagiu à assinatura classificando-a de “excelente notícia” e o secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos Humanitários, Mark Lowcock, declarou que “se o acordo for aplicado, evitar-se-á uma catástrofe humanitária”.

Milhares de sírios que já tinham fugido dos bombardeamentos na província de Idlib e arredores voltaram às suas localidades após o anúncio do acordo russo-turco.

A zona desmilitarizada deve separar os territórios rebeldes e os setores vizinhos controlados por Damasco e será patrulhada pelas polícias militares turca e russa.

Segundo um correspondente da AFP no local, habitantes receberam na sexta-feira mensagens do exército sírio nos seus telemóveis pedindo que se afastem dos combatentes.

“Não permitam que os terroristas os utilizem como escudos humanos”, refere uma mensagem dirigida aos habitantes da futura ‘zona-tampão’.

Situada na fronteira com a Turquia, a província de Idlib conta com cerca de três milhões de habitantes (incluindo um milhão de crianças), metade dos quais deslocados de outras zonas do país.

Desencadeada em março de 2011 pela repressão de manifestações pró-democracia, a guerra na Síria já matou mais de 360.000 pessoas e obrigou milhões a abandonarem as suas casas.

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