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Guterres trouxe mudanças e aumentou eficácia da ONU em quase dois anos

Em menos de dois anos de mandato, no âmbito das eleições faz dois anos nesta sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, trouxe mudanças no sistema da organização e mais eficácia no trabalho, disseram à Lusa analistas.

Guterres trouxe mudanças e aumentou eficácia da ONU em quase dois anos
Notícias ao Minuto

09:25 - 04/10/18 por Lusa

Mundo Analistas

António Guterres foi eleito secretário-geral da ONU em 05 de outubro de 2016, proclamado em 13 de outubro e iniciou o mandato no cargo mais importante da organização internacional em 1 de janeiro de 2017, por um período de cinco anos.

A Lusa falou com Farhan Haq, porta-voz adjunto do Secretariado das Nações Unidas há 18 anos, que trabalhou com três secretários-gerais; com Michael Doyle, professor universitário, antigo assistente do antigo secretário-geral Kofi Annan (1997-2006) e presidente do Conselho Académico do Sistema das Nações Unidas entre 2006 e 2013; e com um diplomata português nos Estados Unidos sobre os dois anos da eleição de António Guterres.

Todos consideram que António Guterres tem causado uma mudança interna significativa na ONU, devido à sua experiência política.

"Reformar o trabalho e torná-lo bem mais eficiente e bem mais racionalizado" é uma das coisas que António Guterres já conseguiu em pouco mais de ano e meio como secretário-geral, segundo Farhan Haq.

O atual secretário-geral "tem procedido a grandes revisões do trabalho" que se faz na esfera política, "como manutenção da paz e de desenvolvimento internacional e também nas práticas da ONU", diz o funcionário da organização.

Farhan Haq considera ainda que Guterres usa o conhecimento de décadas de experiência política para chegar a objetivos concretos, seja na criação e aplicação de acordos de paz no mundo ou no estabelecimento de outros tratados internacionais em questões como as alterações climáticas.

O professor universitário da Columbia University em Nova Iorque, Michael Doyle, avalia "que no último ano e meio, António Guterres tem-se focado, sabiamente, numa reforma interna do secretariado para o tornar mais eficiente e organizado".

O especialista aponta que se criou, em simultâneo com a eleição de Guterres como secretário-geral, e principalmente, com a eleição de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos, em 2016, um ambiente de "Guerra Fria", entre EUA, Rússia e China, o que restringiu a "oportunidade de cooperação internacional".

António Guterres soube contornar a situação para continuar a cumprir as funções de secretário-geral, mesmo num contexto de "cooperação indesejada" entre os três países que mais praticam a sua influência no mundo.

Na visão de Michael Doyle, o facto de António Guterres ter estado envolvido na política nacional constitui uma grande força, mas também leva à sua fraqueza.

A força é a de ter entendimento sobre a atividade inter e intra-governamental, "o que é muito importante, especialmente ao lidar com o Presidente norte-americano".

A fraqueza é a de se focar "quase totalmente nos governos".

Guterres "vê-se ou desinteressado ou incapaz de ser apelativo para além dos governos, para a sociedade civil, para pessoas individuais", diz Michael Doyle, acrescentando que a ONU perde assim uma "potencial fonte de ideias e influência".

O professor universitário entende que a falta de atratividade para a sociedade civil é um fenómeno de âmbito institucional, mas também é "um problema de liderança estratégica inovadora, que tem de vir do secretário-geral".

"A prevenção tem sido um dos grandes motores da sua ação como secretário-geral" diz à Lusa um diplomata português a trabalhar nos Estados Unidos, na avaliação que faz do mandato de António Guterres como secretário-geral.

Com a experiência com primeiro-ministro de Portugal entre 1995 e 2002 e alto-comissário da ONU para os Refugiados, de 2005 a 2015, Guterres tem sido capaz de praticar uma "influência discreta" e indireta na prevenção de muitos conflitos iminentes, diz o diplomata.

"São essas pequenas vitórias de prevenção que muitas vezes não aparecem nas páginas dos jornais, porque não chegou a morrer ninguém, porque não houve guerra, mas que são o emblema deste ano e nove meses de mandato", considera o funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros português.

Quanto aos desafios para o futuro, os três analistas indicam a manutenção da paz e segurança mundial, a gestão de conflitos e das atuais crises humanitárias na África e no Médio Oriente, o reforço de Estados em vias de serem "Estados falhados" e as alterações climáticas como assuntos que vão ser fulcrais nos três anos que faltam para o final do mandato de António Guterres à frente do Secretariado da ONU.

É "impossível prever onde e quando é que a próxima crise vai explodir", mas o trabalho da ONU e do secretário-geral é "garantir que as soluções para as crises possam ser atingidas coletivamente, ao juntar todas as nações do mundo" para o efeito, sintetiza o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq.

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