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"Câmara de comércio recebe dois a três empresários brasileiros por dia"

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, Francisco Murteira Nabo, diz que aquela entidade está a receber, em Portugal, diariamente, dois a três empresários vindos do Brasil à procura de oportunidades de negócio e parceiros portugueses.

"Câmara de comércio recebe dois a três empresários brasileiros por dia"
Notícias ao Minuto

06:49 - 30/09/18 por Lusa

Mundo Brasil

Em entrevista à agência Lusa, Murteira Nabo defende tratar-se de uma oportunidade para Portugal, e para a câmara, se a conseguirem agarrar.

"Há aqui uma oportunidade, se conseguirmos agarrá-la, para desenvolver outro tipo de investimentos", que Portugal precisa, salienta o também antigo gestor de grandes empresas portuguesas.

Contudo, reconhece, "até agora, a maior parte dos empresários que tem vindo é à procura de soluções pouco concretizadas e mais na área da comercialização de produtos produzidos no Brasil e não de investimento", com valor acrescentado.

Porém, na sua opinião, "é uma oportunidade única para conseguir fixar em Portugal investimentos."

Para isso, defende, é preciso que haja estímulos, como fundos comunitários: "Eles procuram soluções que tenham acesso a fundos europeus, por isso se aliam preferencialmente a empresas fora de Lisboa, com mais facilidade de acesso aos fundos europeus. E, por outro lado, é preciso que a nível político se faça uma coisa, que é falada de vez em quando, que é ver como podemos reter estes dinheiros cá, ou seja, que projetos lhes podemos dar de forma a que invistam cá", explica.

Quanto ao investimento com "valor acrescentado", em termos de indústria, "ainda vai demorar algum tempo", admite.

Agora, recorda, "houve uma altura em que as relações económicas eram muito Portugal/Brasil, de grandes investimentos portugueses no Brasil, e este país nunca foi um grande investidor externo".

Neste momento, afirma, "é ao contrário. Por razões de insegurança (...), por razões de crise política no Brasil, que teve consequências a nível económico, hoje grandes e pequenos empresários brasileiros estão a vir a Portugal procurando fazer aqui uma base para poderem internacionalizar as suas empresas".

Segundo o também antigo presidente de empresas como a Portugal Telecom e a Galp, duas das primeiras a fazer investimentos naquele mercado na década de 90, "algumas grandes marcas brasileiras que nós não conhecemos, como de cosméticos e também da agroindústria, por exemplo, que disputam grandes mercados, querem vir para cá".

A grande maioria dos empresários que procuram a câmara, diz, por razões de segurança, trazem a família, os seus recursos e procuram uma parceria em Portugal para constituírem no mercado nacional uma subsidiária ou uma base comercial, e depois exportar para a Europa, usando fundos comunitários para desenvolver negócios na Europa, "o que é uma coisa relativamente nova".

"Nós estamos a receber na câmara por dia dois a três empresários à procura de soluções de parcerias, procuram-nos como uma porta para tentarem saberem quem pode ser um parceiro, uma rede de contactos", afirma.

A Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira está ligada à AICEP -- Agência para o Comércio Externo de Portugal e às embaixadas, por isso funciona como uma rede de contactos. Por outro lado, está também ligada às Câmaras de Comércio Portugal Brasil que existem naquele país da América Latina (uma por cada estado brasileiro) e à Federação das Câmaras de Comércio. Há ainda uma rede de câmaras Brasil - países europeus, sediada em Amesterdão, explica o presidente da CCILB.

Mas, refere, "a Câmara de Comércio aqui não tem tido capacidade de resposta até agora para tanta solicitação. Tem 70 anos, é pequena e estava relativamente parada porque não havia grandes contactos entre Portugal e o Brasil que a obrigassem a ter uma atitude maior. Neste momento, a câmara não consegue responder. A câmara são duas pessoas".

"O que estamos a fazer é a tentar arranjar uma forma de as pessoas não saírem frustradas da tentativa de contacto connosco, usando soluções para o que nos pedem, e isto significa parecerias com os nossos associados. Estamos a criar comissões de associados para vários setores. Na área do imobiliário temos uma comissão, para a banca outra, por exemplo, lideradas pela nossa secretária-geral, para darem resposta aos pedidos que nos aparecem", esclarece.

Murteira Nabo diz que a CCILB "está a viver um momento alto em termos de câmara", mas que precisava de ter mais receitas, por contar apenas com as quotas dos seus 150 associados.

Ao mesmo tempo, a câmara vai reforçar a sua estrutura para responder a esta vaga de solicitações, porque, diz, "se não o fizermos rapidamente há uma frustração dos empresários e vão desparecendo. Isso seria a pior coisa que nos podia acontecer, porque esta é uma oportunidade única para a câmara se desenvolver", considera.

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