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Prisão de Filomeno dos Santos pode ter retaliações para o Governo

O diretor executivo da consultora EXX Africa considerou hoje à Lusa que a detenção de José Filomeno dos Santos constitui "um ato político corajoso porque pode ter retaliações das pessoas leais ao anterior Governo" angolano.

Prisão de Filomeno dos Santos pode ter retaliações para o Governo
Notícias ao Minuto

12:22 - 26/09/18 por Lusa

Mundo Angola

Em entrevista à Lusa, Robert Besseling considerou que a detenção do antigo líder do fundo soberano de Angola "mostra que o Presidente João Lourenço sente-se politicamente confiante e confortável para ir atrás dos membros mais importantes do Governo anterior".

Besseling lembrou que as acusações de fraude na gestão do fundo soberano de Angola, dotado de 5 mil milhões de dólares, "já andavam pela imprensa internacional há algum tempo", e vincou que, nesse sentido, "os investidores podem ver a notícia da sua detenção e pensar que o Governo está realmente a melhorar as condições e as perspetivas para o investimento estrangeiro".

O diretor executivo da consultora EXX Africa alerta, no entanto, que é preciso ter em conta que "a luta de João Lourenço contra a corrupção não é apenas uma cruzada contra os corruptos, é também um conjunto de ações politicamente motivadas com o objetivo de assegurar o seu próprio poder no partido e no país".

A motivação, salientou, "tem de ser questionada, porque não é só um novo Presidente da República a tentar afastar os corruptos ou aqueles que perceciona como más influências, isto é também um novo Presidente, sem base política, a consolidar a sua autoridade política não só no MPLA, mas também no novo Governo".

'Zenu', como é conhecido em Angola, é acusado, segundo a PGR, de envolvimento num crime referente a uma alegada burla de 500 milhões de dólares, processo já remetido ao Tribunal Supremo, bem como, ainda em fase de instrução, de num processo-crime relacionado com atos de má gestão do Fundo Soberano de Angola, em que é também arguido o empresário suíço-angolano Jean-Claude Bastos de Morais, sócio de José Filomeno dos Santos em várias negócios, e que está também em prisão preventiva na cadeia de Viana.

Segundo a PGR, da prova recolhida nos autos resultam indícios de que os arguidos incorreram na prática de vários crimes, entre eles, o de associação criminosa, recebimento indevido de vantagem, corrupção, participação económica em negócio, puníveis na Lei sobre a Criminalização das Infrações Subjacentes ao Branqueamento de Capitais e os crimes de peculato, burla por defraudação, entre outros.

"Pela complexidade e gravidade dos factos, com vista a garantir a eficácia da investigação, na sequência dos interrogatórios realizados, o Ministério Público determinou a aplicação aos arguidos da medida de coação pessoal de prisão preventiva", lê-se no comunicado, salientando que a instrução prossegue os seus trâmites legais, com caráter secreto.

Em relação a Augusto Tomás Silva, também num comunicado, a PGR referiu que o processo corre os seus trâmites na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), relacionado ao caso que investiga atos de gestão do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), órgão afeto ao Ministério dos Transportes.

O documento informa também que, além do ex-governante, foi igualmente detido Rui Manuel Moita, ex-diretor-geral adjunto para a Área Técnica do CNC.

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