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Abusos na igreja alemã revelados por estudo "são a ponta do iceberg"

Um dos três investigadores do estudo sobre os casos de abusos sexuais na igreja católica alemã que atingiram cerca de quatro mil crianças disse hoje que as revelações do relatório "são [apenas] a ponta do iceberg".

Abusos na igreja alemã revelados por estudo "são a ponta do iceberg"
Notícias ao Minuto

15:54 - 25/09/18 por Lusa

Mundo Investigador

"Aqui está documentada a ponta do iceberg", disse Harald Dressign, professor do Instituto Central de Saúde Espiritual da Universidade de Mannheim, um dos três envolvidos na pesquisa encomendada pela igreja e que dá conta de 3.677 casos de abuso sexual perpetrados por 1.670 religiosos entre 1946-2014.

A maioria das crianças abusadas tinham menos de 13 anos de idade.

A igreja católica alemã apresentou hoje um pedido de desculpa oficial e admitiu estar envergonhada após a publicação deste relatório.

"Quero pedir desculpa", disse o presidente da Conferência Episcopal alemã, o cardeal Reinhard Marx, durante uma conferência de imprensa realizada hoje, acrescentando sentir vergonha por ter ignorado durante anos as vítimas de pedofilia dentro da igreja católica.

"O abuso sexual é um crime e deve ser punido", acrescentou, lamentando que a igreja tenha "escondido [ou] negado" os factos.

Estes não são casos ou crimes "históricos", cometidos no passado, mas persistem no presente, continuou o professor Harald Dressign, segundo o qual existem "problemas estruturais" que devem ser corrigidos na igreja.

Os perpetradores dos abusos eram, em dois terços dos casos, os confessores das vítimas ou sacerdotes com quem mantinham algum tipo de vínculo religioso.

O relatório documenta situações de abuso de meninos e meninas, incluindo casos de penetração vaginal ou anal, explicou o professor.

Segundo o presidente da Conferência Episcopal alemã, a igreja começou a lidar com este "problema grave" na sequência dos escândalos revelados nos Estados Unidos e noutros países, já que, até agora, os abusos conhecidos eram considerados atos "isolados".

A magnitude dos casos revelados pelo estudo mostra que essa consideração "é insuficiente", disse o cardeal, enquanto o professor falou de um possível "problema sistémico" da igreja.

Os especialistas das universidades examinaram cerca de 38.000 registos e material das 27 dioceses alemãs.

A maior parte são registos materiais e internos que até agora não tinham sido revelados.

O relatório adianta que há um número indeterminado de situações de abuso que não pode ser investigado porque os registos foram destruídos ou porque não existem provas.

A Conferência Episcopal encomendou o estudo às universidades após o escândalo de abuso sexual que abalou a igreja católica alemã em 2010, e que provocou uma crise de credibilidade para o catolicismo alemão.

Em março de 2011, a igreja católica ofereceu-se para pagar uma indemnização de 5.000 euros a cada uma das vítimas de abuso sexual, com a possibilidade de aumentar essa quantia para os casos mais graves.

Quase mil vítimas de abuso sexual por representantes da igreja católica formalizaram o seu pedido de indemnização pelo abuso sofrido.

A igreja católica e a igreja evangélica são as principais confissões religiosas na Alemanha, com cerca de 24 milhões de fiéis cada uma.

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