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ONU não tem o direito de interferir nos assuntos da Birmânia

A Organização das Nações Unidas (ONU) "não tem o direito de interferir" nos assuntos birmaneses, afirmou o chefe militar da Birmânia, Min Aung Hlaing, que a ONU quer processar pelo "genocídio" dos muçulmanos rohingyas.

ONU não tem o direito de interferir nos assuntos da Birmânia
Notícias ao Minuto

07:04 - 25/09/18 por Lusa

Mundo Nações Unidas

O homem mais poderoso da Birmânia reagiu assim, pela primeira vez, a um relatório severo de uma missão de investigadores da ONU, publicado na semana passada, que acusou os militares birmaneses de "crimes contra a humanidade" e "crimes de guerra".

No jornal oficial do exército, Min Aung Hlaing, de 62 anos, escreveu: "Nenhum país, nenhuma organização e nenhum grupo tem o direito de interferir na política do nosso país".

Afastou também a possibilidade de uma eventual retirada dos militares da vida política, exigida pela missão da ONU.

"Os países através do mundo escolheram o sistema democrático que lhes convém (...). A Birmânia está na via do multipartidarismo democrático", garantiu.

Mas detalhou que as Forças Armadas continuarão envolvidas enquanto os conflitos das múltiplas rebeliões étnicas dos pais, algumas das quais com sete décadas, não estiverem resolvidas.

Em Nova Iorque, à margem da Assembleia Geral anual da ONU, uma dezena de ministros dos Negócios Estrangeiros reuniram-se, por iniciativa do ministro britânico, Jeremy Hunt, para falarem da Birmânia.

"Se daqui a um ano, não tivermos modificado de maneira substancial a vida do milhão de pessoas afetadas [pela crise dos rohingyas] então, enquanto comunidade internacional, falhámos", disse.

O ministro reclamou durante o encontro "ações urgentes" para os rohingyas na Birmânia e os exilados no Bangladesh.

Exigiu, ainda, perante representantes birmaneses presentes na reunião, que os dirigentes militares do país sejam levados à justiça.

Durante a reunião, os Estados Unidos da América anunciaram um donativo de 185 milhões para os refugiados rohingyas.

Apesar da chegada ao poder em 2016 do governo civil de Aung San Suu Kyi, os militares conservam um lugar central no regime político birmanês.

No governo, os militares controlam os ministérios da Defesa, do Interior e das Fronteiras, além de controlarem um quarto dos lugares de deputado, o que lhes permite bloquear todas as emendas constitucionais suscetíveis de lhes reduzirem o poder.

Os investigadores da ONU exigiram que seis altos dirigentes das Forças Armadas, entre os quais Min Aung Hlaing, sejam processados pela justiça internacional.

Mais de 700 mil rohingyas, minoria étnica muçulmana, fugiram em 2017 das violências dos militares birmaneses e das milícias budistas e refugiaram-se no Bangladesh vizinho, onde vivem em imensos acampamentos.

"Assassínios", "desaparecimentos", "torturas", "violências sexuais", "trabalho forçado": o relatório detalha uma longa lista de atentados. que constituem "os crimes mais graves na perspetiva do direito internacional".

O exército birmanês rejeitou as acusações, garantindo que as suas campanhas visaram os rohingyas, depois dos ataques mortíferos contra postos da polícia, em agosto de 2017.

As afirmações de Min Aung Hlaing foram feitas em contexto de grande tensão entre a Birmânia e a comunidade internacional.

Além do documento da ONU, a procuradora do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, anunciou na semana passada a abertura de um exame preliminar deste dossiê, a primeira etapa de um processo que pode conduzir a um inquérito formal do tribunal baseado em Haia e, eventualmente, a acusações.

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