Acusações contra juiz são "totalmente políticas", garante Trump
O Presidente norte-americano, Donald Trump, considerou hoje em Nova Iorque que as acusações de agressões sexuais dirigidas ao juiz Brett Kavanaugh, o candidato que designou para o Supremo Tribunal dos EUA, são "totalmente políticas".
© Reuters
Mundo Estados Unidos
"É um homem perfeito com um passado irrepreensível", "um homem notável", declarou Trump numa referência ao magistrado conservador.
"Tudo isso saiu subitamente, na minha opinião é totalmente político", declarou o Presidente, lembrando que as acusações foram reveladas três décadas após os presumíveis factos.
No domingo, a revista The New Yorker noticiou que os democratas que integram o comité do Senado norte-americano estão a investigar uma acusação de assédio sexual feita por uma segunda mulher contra juiz.
O incidente reporta ao ano letivo de 1983-84, o primeiro de Brett Kavanaugh na Universidade de Yale.
Deborah Ramirez, de 53 anos, disse à revista nova-iorquina que Kavanaugh apareceu num dormitório, embriagado, pressionou o pénis no seu rosto, o que a obrigou a tocá-lo sem o seu consentimento, quando o afastava.
Numa declaração divulgada pela Casa Branca, Kavanaugh garantiu que o incidente "não aconteceu" e que a alegação era "uma difamação, pura e simples".
Um porta-voz da Casa Branca acrescentou, numa segunda declaração, que a alegação foi "planeada para derrubar um bom homem".
A nova informação surgiu horas depois de o comité do Senado ter acordado uma data e hora para uma audiência para ouvir a primeira mulher que acusou Brett Kavanaugh de abuso sexual.
"Estamos comprometidos em avançar com uma audiência pública na quinta-feira, 27 de setembro, às 10:00 (15:00 em Lisboa). Apesar das atuais ameaças à sua segurança e à sua vida, a Dr.ª Ford acredita que é importante para os senadores ouvi-la diretamente", lê-se numa mensagem dos advogados de Christine Blasey Ford, citada pela imprensa norte-americana.
Christine Blasey Ford, psicóloga, comprometeu-se com a audiência aberta, confirmaram os advogados em comunicado.
"Fizemos progressos importantes, Ford acredita que é importante para os senadores ouvirem diretamente dela sobre a agressão sexual que sofreu. Ela concordou em ir em frente", acrescentaram os advogados.
Ford concordou em testemunhar depois de Kavanaugh, disse uma fonte ligada às negociações.
O testemunho é tido como um momento chave no processo de confirmação do juiz para o Supremo Tribunal.
A mulher acusou Kavanaugh de a agredir sexualmente numa festa, quando ambos andavam na escola secundária, nos princípios da década de 1980.
O juiz negou, mas a questão está a atrasar a sua confirmação para o Supremo.
Uma mulher chamada Leland Keyser, que supostamente foi identificada por Ford como uma das cinco pessoas presentes na festa, disse ao comité de senadores "não conhecer o senhor Kavanaugh" e não se lembrar de "ter estado alguma vez" num encontro com ele, com ou sem a presença da suposta vítima.
A algumas semanas das eleições intercalares para o Congresso, que os democratas pretendem transformar num referendo anti-Trump, estas audições poderão influenciar o resultado do escrutínio.
Para além deste desafio, a confirmação do juiz Kavanaugh permitiria garantir durante muitos anos uma maioria conservadora no Supremo, a mais alta jurisdição norte-americana responsável pela arbitragem das questões mais complexas da sociedade, como o uso de armas de fogo, casamento homossexual, direito ao aborto ou discriminação positiva.
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