Ex-presidente do grupo editorial Feltrinelli morre em Milão aos 87 anos
A antiga presidente do grupo editorial Feltrinelli, Inge Schönthal Feltrinelli, uma das personalidades mais influentes no mundo da cultura italiana e europeia do século XX, morreu hoje, em Milão, aos 87 anos, anunciou a casa editora.
© iStock
Mundo Editora
Presidente do importante grupo editorial italiano desde 1972, foi considerada a "senhora dos livros" e conduziu com "grande êxito" a editora após a morte do fundador e marido, Giangiacomo Feltrinelli.
Sob a sua direção, a editora publicou autores como Marguerite Duras, Isabel Allende, Manuel Vásquez Montalbán, Gabriel García Márquez, Daniel Pennac, Antonio Tabucchi, Banana Yoshimoto e Stefano Benni.
Nascida em 1930, em Essen, Alemanha, de uma família judia, Inge Schönthal conheceu Giangiacomo Feltrinelli, fundador da editora, em 1954, em Hamburgo, e em 1958 mudou-se para Milão.
Na altura trabalhava como fotógrafa de grande êxito e fixou, com a sua máquina fotográfica, imagens de referência de pessoas como John Fitzgerald Kennedy, Winston Churchill, a atriz Greta Garbo, o pintor Pablo Picasso e o escritor Ernest Hemingway.
Viúva de Giangiacomo Feltrinelli e mãe de Carlo Feltrinelli, agora presidente do grupo, e diretora executiva da editora italiana, Inge Schönthal Feltrinelli viveu uma vida rodeada de livros, livreiros, editores, escritores e leitores, um verdadeiro ícone da cultura internacional.
Depois de 1967, Giangiacomo - que pertencera ao Partido Comunista Italiano e ao Grupo de Combate Legnano, de resistência à ocupação nazi, durante a II Guerra Mundial -, passou à clandestinidade, com a criação de um grupo de esquerda daquela época, o Gruppi di Azione Partigiana (GAP), deixando à mulher a total administração da editora.
Em 1972, com a morte do marido, durante a preparação um atentado, Inge tornou-se, juntamente com o filho, a herdeira universal do património, cabendo-lhe conduzir o destino da Feltrinelli.
"Deixa-nos uma mulher que soube distinguir a qualidade e que trouxe a Itália e Milão, durante os últimos cinquenta anos, escritores, editores, intelectuais internacionais, estimulando um contexto de inestimável riqueza, assinalou o grupo editorial em comunicado.
Hoje, na página de abertura do seu 'site', surge uma fotografia de Inge Feltrinelli, com uma citação sua - "Os livros são tudo, os livros são a vida" -, com a promessa do grupo editorial: "Seguiremos o seu exemplo".
O presidente da Associação Italiana de Editores (AIE), Ricardo Franco Levi, anunciou que, a 10 de outubro, durante a próxima Feira do Livro de Frankfurt, a mais importante da Europa, Inge Feltrinelli será recordada por todos os seus pares, no pavilhão italiano.
O ministro da Cultura de Itália, Alberto Bonisoli, declarou que "Inge Feltrinelli representou para o mundo da edição e da cultura um ponto de referência fundamental das últimas décadas".
Durante o dia de hoje, todas as livrarias da casa editorial vão recordar Inge, tocando, em sua honra, a música "Valzer brillante", do filme "O Leopardo".
A casa Feltrinelli editou o romance póstumo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, na base do filme de Luchino Visconti, em 1958, depois de a obra ter sido recusada pelos principais editores italianos.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com