The Economist: "Jair Bolsonaro, a última ameaça da América Latina"
Candidato de extrema-direita às presidenciais brasileiras é tema de destaque - e alerta - na liberal The Economist.
© Reprodução The Economist
Mundo Revista
É a 7 de outubro que os brasileiros vão a votos para escolher o sucessor de Michel Temer. Nas sondagens, lidera um candidato de posições polémicas que deverá passar à segunda volta. Falamos de Jair Bolsonaro, homem que é tema de capa da edição mais recente da revista The Economist que deixa um alerta sobre "a última ameaça da América Latina". Uma que chega sob a forma de um homem "que daria um presidente desastroso", pode ler-se.
A britânica The Economist é publicada desde 1843 e desde a primeira hora que se apresentou como favorável ao liberalismo e ao mercado livre, pese embora entre os apoiantes de Bolsonaro nas redes sociais encontrarem quem defenda que a publicação é "esquerdista" e "fake news".
Bolsonaro já tem uma longa carreira na política brasileira mas a sua ascensão em anos recentes coloca-o agora entre os principais candidatos à presidência - saliente-se que as sondagens que o colocam como vencedor numa primeira volta sugerem que numa segunda volta deverá perder.
A The Economist descreve Bolsonaro como "o mais recente numa parada de populistas de Donald Trump na América, a Rodrigo Duterte nas Filipinas a uma coligação esquerda-direita que inclui Matteo Salvini em Itália".
A revista realça os anos de convulsão que o Brasil tem vivido, com problemas endémicos de corrupção e violência que grassam num país em recessão, com uma economia longe do fulgor sentido há não muitos anos
"Os brasileiros revelam em sondagens que as palavras que melhor resumem o país são 'corrupção', 'vergonha' e 'desilusão'. Bolsonaro explorou a sua fúria brilhantemente".
Escreve ainda a revista que Bolsonaro aproveitou o caso Lava Jato - a maior investigação de corrupção na história do Brasil - para se distinguir, ele que tinha "servido de forma indistinta sete mandatos de congressista no Estado do Rio de Janeiro".
Bolsonaro tem-se destacado com frases polémicas, como quando afirmou, em relação aos seus cinco filhos, que tinha tido quatro rapazes mas que no quinto "deu fraquejada e saiu mulher". Mas são os seus comentários favoráveis ao tempo da ditadura militar que merecem também referência na The Economist, como na altura em que o seu voto a favor da destituição da anterior presidente Dilma Rousseff foi acompanhada por uma homenagem "ao pavor de Dilma", um antigo comandante de uma unidade responsável por centenas de torturas e dezenas de homicídios no tempo da ditadura.
Para a The Economist, "Bolsonaro até pode não conseguir converter o seu estilo populista numa ditadura ao estilo de Pinochet ainda que o queira. Mas a democracia no Brasil ainda é nova. E mesmo um 'flirt' com o autoritarismo é preocupante".
O "desespero" de muitos brasileiros é real tal como a necessidade de mais reformas, defende a revista. "Mas Bolsonaro não é o homem para as levar a cabo".
Notícia atualizada às 14h00]
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