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Ministro da Cultura de Espanha defende universidade mas admite escândalos

O ministro da Cultura e Desporto de Espanha, José Guirao, defendeu hoje em Lisboa a universidade do seu país, mas reconheceu a existência de escândalos.

Ministro da Cultura de Espanha defende universidade mas admite escândalos
Notícias ao Minuto

23:47 - 20/09/18 por Lusa

Mundo Educação

Em Espanha tem sido notícia a forma duvidosa como estrangeiros e políticos obtiveram qualificações em universidades.

O governante fez declarações aos jornalistas no Museu Nacional de Arte Antiga, onde apresentou com o seu homólogo português, Luís Filipe Castro Mendes, uma exposição conjunta sobre os 500 anos da Viagem de Circum-Navegação, que se iniciou em 1519, capitaneada por Fernão Magalhães.

Depois de avisar que o ensino universitário não está na tutela do seu ministério, afirmou, a propósito das polémicas que surgiram por causa da Universidade Rei Juan Carlos: "Eu digo -- e conheço bem o sistema universitário espanhol -- que as universidades espanholas gozam de uma enorme seriedade".

Porém, admitiu que, "como em todos os setores, pontualmente, tem havido casos em que quanto mais notícias saem, mais escandalosas são".

A universidade pública espanhola Rei Juan Carlos é suspeita de ter concedido diplomas académicos fraudulentos a centenas de cidadãos italianos, disse hoje uma fonte judicial de Madrid à agência France-Presse.

De acordo com a mesma fonte, um tribunal de Madrid abriu um inquérito para averiguar a atribuição de diplomas do curso de Direito obtidos por cerca de 500 italianos naquela universidade.

Depois de considerar que "é mais fácil tomar a parte pelo todo", José Guirao asseverou que "o conjunto da universidade espanhola é de muita seriedade, que melhorou muitíssimo nos últimos anos".

Avançou mesmo um testemunho pessoal: "A universidade que conheci no final dos anos 70 não tem nada a ver com a de hoje, o profissionalismo, a qualidade, os recursos que tem...".

Depois de considerar que se deveria "deixar as universidades em paz, deixá-las trabalhar e falar delas para as melhorar", o ministro avançou outra experiência pessoal para fazer o contraponto: "Por exemplo, participei como professor nos últimos dez anos no mestrado em Gestão Cultural, na Universidade Carlos III, em Madrid, que é um dos oito melhores do mundo e não se fala disso".

"Falar só dos defeitos é muito injusto para com as universidades, professores, os alunos e nós próprios, enquanto país. Somos um país em que às vezes somos os nossos piores críticos", declarou.

Ao contrário, Guirao defendeu que os espanhóis deviam sentir-se "orgulhosos das (suas) universidades, melhoráveis, claro, com problemas, claro, como em qualquer setor e profissão", enquanto confessava que, como "cidadão, não enquanto ministro", lhe "dói muito como se está a pôr em questão toda a universidade espanhola".

A alegada concessão fraudulenta de títulos académicos terá permitido aos "diplomados" o registo como profissionais junto da Ordem dos Advogados em Madrid e, provavelmente, noutras cidades espanholas.

Por outro lado, e segundo o jornal digital espanhol eldiario.es, os supostos diplomas validaram os anos de estudo em Itália evitando o pagamento de mestrados onerosos nas universidades italianas.

Os respetivos titulares ficam também autorizados a exercer a profissão em toda a União Europeia, incluindo em Itália, onde foi imposto um número limite de registos, refere ainda a publicação digital.

Contactada pela France-Presse, a Ordem dos Advogados de Madrid remeteu eventuais responsabilidade e explicações para a universidade e para a secretaria governamental que tutela o ensino superior.

O inquérito judicial em curso diz respeito ao Instituto de Direito Público da Universidade Rei Juan Carlos e que se encontra no centro de vários escândalos políticos em Espanha.

Várias personalidades políticas são suspeitas de obtenção de mestrados em condições de vantagem por terem sido dispensadas de frequentar as aulas, tendo-lhes sido, em alguns casos, atribuídas notas elevadas.

Dois dos casos mais destacados dizem respeito a Cristina Cifuentes, presidente da Comunidade de Madrid (Partido Popular), obrigada a demitir-se em abril, e a ex-ministra da Saúde do atual governo socialista, Carmen Monton, forçada a apresentar a demissão pelos mesmos motivos.

Envolvido no mesmo caso encontra-se o líder do Partido Popular, Pablo Casado, suspeito de ter recebido um mestrado nas mesmas condições.

A Universidade já dissolveu, entretanto, o Instituto de Direito Público, estando o ex-diretor Enrique Alvarez Conde a ser investigado.

De acordo com a estação de rádio Cadena SER, Alvarez Conde, poderá ter recebido, desde 2012, pagamentos não justificados e que ultrapassaram os 100 mil euros.

As suspeitas sobre os títulos académicos estão a atingir os políticos espanhóis incluindo o primeiro-ministro Pedro Sánchez que foi acusado de plagiar a tese de doutoramento.

Sánchez negou no passado dia 13 de setembro que tenha plagiado a tese de doutoramento, afirmando ser "rotundamente falso" as notícias nesse sentido publicadas em vários órgãos de comunicação social espanhóis.

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