"Tempestade perfeita" faz temer ofensiva em Idlib. Trump já deixou aviso
Província de Idlib é uma das últimas na Síria que não está sob controlo do Bashar al-Assad. Rússia e regime sírio preparam ofensiva a região onde estão cerca de 30 mil jihadistas, mas também três milhões de civis. Estados Unidos pedem contenção a Assad e aliados, e ONU alerta para "tempestade perfeita" que pode custar a vida a milhares de pessoas.
© Reuters
Mundo Síria
Os principais atores envolvidos na guerra da Síria, que já vai no seu oitavo ano, começaram a preparar os meios militares para o que se adivinha como a ofensiva do regime sírio e aliados contra a região de Idlib, uma das últimas províncias que ainda não é controlada por Assad. Perante um ataque iminente, Donald Trump já deixou um aviso, não só a Damasco, como a Teerão e a Moscovo.
“O presidente Bashar al-Assad não deve atacar imprudentemente a província de Idlib. Os russos e os iranianos estariam a comer um erro humanitário grave ao fazerem parte desta potencial tragédia humana. Centenas de milhares de pessoas podem ser mortas. Não deixem isso acontecer!”, escreveu o presidente dos Estados Unidos na rede social Twitter, na noite de segunda-feira, isto no mesmo dia em que, horas antes, o chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, foi a Damasco reunir-se com o seu homólogo sírio.
Tanto Moscovo como Damasco já admitiram que um ataque a Idlib poderá estar para breve, o que não agrada a Washington, que promete responder face a esta ofensivo, sem precisar, contudo, se haverá novo ataque ocidental à Síria como aconteceu em abril, quando Estados Unidos, França e Reino Unido bombardearam a Síria em resposta a um alegado ataque químico levado a cabo por Bashar al-Assad.
President Bashar al-Assad of Syria must not recklessly attack Idlib Province. The Russians and Iranians would be making a grave humanitarian mistake to take part in this potential human tragedy. Hundreds of thousands of people could be killed. Don’t let that happen!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) September 3, 2018
Com o país praticamente controlado pelas forças do regime, Assad pretende agora, com o apoio russo e iraniano, controlar a província de Idlib, onde, segundo os números das Nações Unidas, estão presentes cerca de 30 mil combatentes jihadistas, sobretudo da Frente al-Nusra, antigo braço da Al-Qaeda na Síria, hoje conhecida por Jabhat Fateh al-Sham, mas também alguns militantes do autodesignado Estado Islâmico.
Mas, para além dos jihadistas, Idlib é zona de refúgio para cerca de três milhões de pessoas, muitas delas que fugiram para lá na sequência dos bombardeamentos russos e dos ataques do regime sírio. Por isso, alerta a ONU, o combate aos terroristas não pode ser feito à custa da vida dos civis. “O verdadeiro dilema é saber como derrotar os terroristas em Idlib e ao mesmo tempo evitar afetar um grande número de civis”, disse Staffan de Mistura, citado pela BBC.
O enviado especial da ONU para a Síria alerta para a “tempestade perfeita” em Idlib, em que parece iminente uma grande ofensiva. Na passada sexta-feira, Moscovo começou a realizar manobras militares no mar Mediterrâneo, o Irão começou a mobilizar milícias para o sul da Síria, e o regime de Damasco está em alerta máximo. Também a Turquia, que tem apoiado grupos rebeldes que combatem Assad, está atenta às movimentações na sua fronteira.
Apesar da maior proximidade entre Estados Unidos e Rússia, Washington e Moscovo têm visões diferentes para a Síria e Donald Trump parece não querer admitir nova ofensiva de Bashar al-Assad. Por seu lado, Seguei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, considera o ataque a Idlib inevitável, e denunciou que os jihadistas presentes na província estão a usar civis como escudos humanos. Para além disso, alerta o chefe da diplomacia russa, os jihadistas estarão a preparar um ataque químico com o intuito de culpar Assad, de forma a chamar a precipitar uma intervenção do ocidente.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com