O presidente da Câmara Municipal de Lisboa considera que a visita do Papa Francisco à Irlanda foi um “inêxito absoluto”, uma vez que a viagem ficou marcada por dois assuntos que tiveram muito impacto sobre a figura de Francisco: os casos de pedofilia no interior da Igreja e o comentário do Papa sobre a necessidade de os pais com filhos homossexuais procurarem ajuda psiquiátrica.

“A viagem que ele [Papa Francisco] faz à Irlanda é uma viagem marcada por um inêxito absoluto, quando comparada com a que João Paulo fez”, começou por dizer Fernando Medina no seu comentário semanal na antena da TVI 24.

“É indiscutível o abalo profundo que toda a questão relacionado com os abusos sexuais e a pedofilia dentro da Igreja Católica está a ter e a cair em cheio sobre o Papa Francisco”, nota Medina, referindo-se, em particular, ao relatório divulgado nos Estados Unidos que revela que 300 padres abusaram sexualmente de mais de mil crianças na Pensilvânia nos últimos 70 anos.

Este relatório, divulgado alguns dias antes da visita de Francisco à Irlanda, país que tem sido manchado por sucessivos casos de pedofilia, condicionou a visita do Papa e levou a vários críticas vindas de vários setores da Igreja. Um ex-núncio norte-americano chegou mesmo a denunciar a formação de um ‘lobby gay’ no interior da Curia, acusando Francisco de ter conhecimento dos casos de abusos do cardeal McCarrick.

Para além da questão da pedofilia, continuou Medina, a visita do Papa fica manchada por “uma declaração muito feliz que ele teve no avião com os jornalistas”, referindo-se à recomendação deixada aos pais de crianças homossexuais no sentido de estes “consultarem psiquiatras”.

Neste momento, remata o presidente lisboeta, Francisco tem de “enfrentar a transparência” e tirar consequências destes casos, levantando o debate “nomeadamente ao nível do celibato dos padres”.

Semanas "duras e negativas" de Trump

No seu espaço de comentário, Fernando Medina debruçou-se ainda sobre as semanas “duras e negativas” de Donald Trump, referindo-se aos casos de justiça que envolvem Michael Cohen, ex-advogado do presidente, e Paul Manafort, antigo diretor de campanha de Trump.

Para Medina, estes dois casos “reduzem a margem de ele [Trump] acabar com as investigações do procurador especial [Robert Mueller] que o está a investigar por caso da Rússia”.

Para além disso, salienta o comentador, resta saber o que irá revelar Michael Cohen e se outras pessoas não seguirão o seu exemplo.

“Donald Trump, hoje, tem uma situação bastante mais incómoda, difícil, frágil, perante o próprio sistema de justiça, e isso vai ter um impacto natural naquilo que vai ser a posição dos democratas e do próximo Congresso”, conclui Medina, admitindo que as eleições de novembro podem alterar maiorias, mas que dificilmente um processo de destituição avançará contra Trump, uma vez que tal seria “uma manobra extremamente arriscada do ponto de vista da opinião pública”.