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O relato dos sobreviventes."Ninguém merece morrer a jogar um videojogo"

Tiroteio durante um torneio de Madden NFL, em Jacksonville, causou três mortos, incluindo o próprio atacante, e 11 feridos. Sobreviventes do ataque contam como a sorte, ou talvez apenas a coincidência, lhes salvou a vida.

O relato dos sobreviventes."Ninguém merece morrer a jogar um videojogo"
Notícias ao Minuto

18:02 - 27/08/18 por Pedro Bastos Reis

Mundo Jacksonville

Ainda está por explicar o que levou David Katz, campeão de Madden NFL em 2017, a abrir fogo durante o torneio do mesmo videojogo em Jacksonville, na Florida (EUA). Há teses que garantem que o ex-campeão, na iminência da derrota ou depois dela, decidiu abrir fogo contra os outros participantes, antes de pôr fim à própria vida.

Do pânico vivido no interior do centro comercial onde decorria o torneio vão chegando relatos de sobreviventes que temeram que aquele poderia ser o seu último dia de vida, à semelhança do que aconteceu a Taylor Robertson e Eli Clayton, dois dos participantes que perderam a vida.

“Nós vimo-lo, com as duas mãos na arma, a andar para trás e a disparar”, conta Taylor Poindexter, de 26 anos, ao The Guardian. “Temi pela minha vida e pela vida do meu namorado”, conta a jogadora que, na altura do tiroteio, estava a pedir pizza no bar, o que, porventura, lhe terá salvado a vida.

À sorte, ou a uma mera coincidência, pode também agradecer Derek Jones. O jogador natural de Santa Fé, no Novo México, foi até Jacksonville participar no torneio e acabou derrotado logo no início. Essa derrota prematura no domingo ter-lhe-á salvado a vida.

“Sabe, estou contente por ter perdido hoje. Porque se tivesse ganhado, eu ainda estaria a jogar e não estaria a prestar atenção. Ele [David Katz] poderia ter entrado e eu, provavelmente, estaria morto agora”, explica Jones, depois de lamentar a morte de outros dois concorrentes, três contando com o atirador. “Ninguém merece morrer a jogar um videojogo”, acrescenta Jones, que revela ter jogado várias vezes contra David Katz, ou simplesmente “Bread”, como era conhecido no mundo do Madden NFL, apesar de nunca o ter conhecido pessoalmente.

Virei-me, e vi os flashes da arma. Foi nesse momento que entrei em modo sobrevivência e só queria garantir que conseguia sair dali

Provavelmente também Ryan Aleman já tinha jogado contra Katz. O norte-americano conseguiu fugir ao tiroteio ao esconder-se durante dez minutos na casa de banho, isto antes de correr pela sua vida. “Ainda estou chocado, mal consigo falar”, conta Aleman à CNN.

A sorte, voltando a ela, cruzou-se também com Tony Montagnino, que inicialmente confundiu os disparos com fogo de artifício. Quando percebeu o que estava a acontecer, diz que entrou em “modo sobrevivência”.

“A minha primeira reação, quando ouvi os tiros, foi ‘por que é que há fogo de artifício aqui?'”, relata este jogador à ABC. “E foi então que percebi realmente. Nunca tinha sido baleado anteriormente, por isso não sabia o que pensar. Virei-me, e vi os flashes da arma. Foi nesse momento que entrei em modo sobrevivência e só queria garantir que conseguia sair dali”.

O tiroteio de domingo, que para além dos três mortos causou ainda 11 feridos, é o mais recente de uma série de ataques com armas de fogo nos Estados Unidos. Tal como o tiroteio de Orlando, em fevereiro deste ano, ou tal como muitos outros tiroteios semelhantes, o ataque em Jacksonville traz para o centro do debate a questão do porte de armas nos Estados Unidos.

O assunto, no entanto, acaba por cair no esquecimento, pelo menos até ao tiroteio seguinte. “Políticos, acordem, porque as pessoas que vocês deveriam representar estão a morrer”, desabafa Marquis Williams, que no domingo temeu perder a sua namorada, Taylor Poindexter. Talvez tal não tenha acontecido simplesmente porque, quando Katz começou a disparar, esta jogadora estava a fazer uma pausa, encostada ao balcão a pedir uma fatia de pizza no bar.

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