Governo sul-africano diz que afirmações de Trump dividem o país
O Governo sul-africano considerou hoje como uma "perceção limitada" e que divide aquele país as afirmações do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a reforma agrária na África do Sul.
© Reuters
Mundo Reformas
"A África do Sul rejeita totalmente essa perceção limitada que apenas procura dividir o nosso país, e faz lembrar o nosso passado colonial", afirmou o Governo, numa mensagem colocada rede Twitter.
"A África do Sul acelerará o ritmo da reforma agrária de maneira cuidadosa e inclusiva que não divida o país", refere ainda a reação do Governo à mensagem colocada horas antes, também no Twitter, por Donald Trump.
"Pedi ao Secretário de Estado [Mike] Pompeo uma análise aprofundada sobre as expropriações de terras e fazendas agrícolas na África do Sul e os assassinatos em grande escala de agricultores", escreveu hoje Donald Trump.
"O Governo sul-africano está a agora a confiscar terras de agricultores brancos", acrescentou o Presidente norte-americano, na sua mensagem no Twitter.
Em declarações à imprensa, a porta-voz da Presidência da República da África do Sul disse que Donald Trump está "mal informado", mas que o assunto será retomado pelos canais diplomáticos.
"Para este fim, a Presidência pediu à ministra das Relações Internacionais e Cooperação [da África do Sul] que obtenha esclarecimentos do embaixador dos Estados Unidos da América", disse Khusela Diko, porta-voz do presidente Cyril Ramaphosa.
Lindiwe Sisulu é a atual ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul.
Na quarta-feira, o Instituto Cato, nos Estados Unidos, alertou que "a África do Sul está a caminho de um desastre tipo Zimbabué" e instou o Presidente Trump e a administração norte-americana a tomar medidas.
"Há dezoito anos, o Zimbábue adotou uma política semelhante. Como consequência, a economia do vizinho do norte da África do Sul entrou em colapso e o país caiu em penúria e violência política", escreveu Marian Tupy, num editorial publicado na página de internet do Instituto Cato.
"Este cenário irá provavelmente repetir-se na África do Sul. Um ataque aos direitos de propriedade resultará na destruição da comunidade agrícola da África do Sul, na redução drástica da produtividade agrícola e desemprego em massa. Também poderá levar ao colapso do setor bancário (que depende da terra como garantia para empréstimos) e da moeda local, à hiperinflação e até ao derramamento de sangue", afirmou.
O artigo surge no momento em que o partido ANC se prepara para emendar a artigo 25 da Constituição da República para permitir ao Estado expropriar propriedades privadas, nomeadamente agrícolas, sem compensação financeira.
O Presidente Cyril Ramaphosa anunciou recentemente que a emenda constitucional irá por adiante, embora a Constituição já permitisse ao Estado expropriar no interesse público.
"Como indiquei no discurso do Estado da Nação de 2018, o governo está determinado em que a reforma agrária seja implementada de forma a que aumente a produção agrícola, melhore a segurança alimentar e garanta que a terra seja devolvida àqueles de quem foi retirada durante o colonialismo e o apartheid", disse na quarta-feira, no parlamento, Cyril Ramaphosa.
"Considerando que a África do Sul está a violar ou está prestes a violar uma série de requisitos como membro do Agoa, o presidente deve agir emitindo um alerta preventivo ao governo sul-africano", refere, por outro lado, o Instituo Cato.
A comissão parlamentar de revisão da Constituição, que realizou audiências públicas em todas a províncias do país, recebeu cerca de 450.000 submissões por escrito, disse Vincent Smith, um deputado do ANC, que lidera a comissão.
O Banco de Desenvolvimento Agrícola disse esta semana que a expropriação de terras agrícolas sem compensação financeira poderá custar ao governo 41 bilhões de rands (2.900 milhões de dólares), caso seja obrigado a saldar de imediato a dívida da instituição estatal.
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