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Quatro tiros em 15 segundos. A polícia que matou argelino descreve ataque

A agente dos Mossos d'Esquadra, que não é identificada, fez uma reconstrução dos acontecimentos numa audição em tribunal, cuja transcrição foi acedida pelo jornal El País.

Quatro tiros em 15 segundos. A polícia que matou argelino descreve ataque
Notícias ao Minuto

20:57 - 21/08/18 por Anabela de Sousa Dantas

Mundo Barcelona

"Tive a perceção de que me ia matar e de que era um ataque terrorista”, disse a agente dos Mossos d’Esquadra que disparou sobre Abdelouahab Taib, na esquadra de Cornellà onde o argelino entrou armado, na madrugada de segunda-feira.

A declaração, a que o El País teve acesso, terá sido proferida no âmbito de uma reconstrução do incidente no tribunal de Cornellà de Llobregat, na província de Barcelona, para avaliar a atuação policial neste caso.

O jornal espanhol descreve, citando o documento, que decorreram apenas 15 segundos desde que Abdelouahab Taib entrou na esquadra da polícia em Cornellà, a gritar ‘Alá!’, e perseguiu a agente armado com uma faca de 20 centímetros, até esta ter disparado quatro tiros, desde um estreito corredor da esquadra.

O ataque, recorde-se, aconteceu pouco antes das seis da manhã. Taib disse que pelo intercomunicador que queria informações e a agente da polícia que estava de serviço abriu a porta e depois a janela do compartimento onde se encontrava. “Ele disse ‘eu queria...’. Tirou a faca da cintura, levantou-a e gritou ‘Alá!’”, acrescentou a agente, indicando que também ouviu outras palavras em árabe, cujo significado não soube decifrar.

A polícia descreveu, depois, que o primeiro reflexo foi deslizar com a cadeira (com rodas) para trás e levantar a mesa da secretária para se defender. “A faca não chegou a cravar-se na mesa porque não se dirigia à mesa, dirigia-se a mim”, afirmou.

No momento seguinte, a mulher saiu para o corredor e gritou pelo sargento que tinha acabado de chegar, para o turno da manhã. Taib acedeu ao corredor e seguiu-a. Nessa altura, a agente e o colega desembainharam as suas armas e gritaram que parasse, ordem à qual não obedeceu. “Em nenhum momento baixou a arma [faca]”, explicou a mulher.

Taib continuou a avançar e o primeiro disparo aconteceu quando o argelino estava a um metro da agente, que continuava a recuar. Atingiu-o mas ele não parou. Foram disparados mais três tiros, mas a agente diz que não foram seguidos, reforçando que foi disparando à medida que o argelino avançava.

“Se nos tivesse alcançado, tinha posto em risco a minha integridade física, a do sargento e a dos colegas que estavam a mudar de roupa”, acrescentou a agente.

De acordo com o jornal espanhol, que cita fontes próximas da investigação, dos quatro tiros, três atingiram Taib: na perna, no braço e na cabeça.

Esta notícia surge numa altura em que as autoridades locais estão sob alguma pressão, depois de a família ter alegado negligência.

A tese de que Taib tinha intenção de matar é agora defendida pelo Mossos d’Esquadra, alinhando, assim, com a Audiência Nacional, que já tinha afirmado que o homem “atuou com uma motivação pessoal causada por um ponto de vista religioso”.

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