Taib escreveu carta de despedida. "Vou-me para o grande sítio lá em cima"
Dois textos, escritos em árabe, encontrados na casa de Abdelouahab Taib levam a Audiência Nacional a insistir na tese de que ataque de segunda-feira foi motivado pelo terrorismo. Família nega e diz que vai processar a polícia de Cornellà por negligência na morte do argelino.
© Reprodução/ El Español
Mundo Ataque
As autoridades espanholas admitem que Abdelouahab Taib, o argelino que na madrugada de segunda-feira entrou numa esquadra de Cornellà armado com uma faca e acabou morto a tiro pela polícia, poderá ter atuado com uma motivação terrorista.
Esta tese já tinha sido revelada no dia do ataque, mas, esta terça-feira, a Audiência Nacional, que lidera a investigação, disse que Taib “atuou com uma motivação pessoal causada por um ponto de vista religioso”.
A juntar a esta tese, complementa o El País, foi revelada uma mensagem que o argelino de 29 anos deixou à sua ex-mulher, de quem se estava a divorciar, onde dá a entender que estava prestes a suicidar-se.
“Vou-me, se Deus assim o quiser, para o grande sítio que está lá em cima”, terá escrito Taib.
Já na casa de Abdelouahab Taib, diz o mesmo diário espanhol, a polícia encontrou dois textos em árabe. Um deles dizia “que Deus te acolha, amigo”, ao passo que o outro seria uma carta de despedida.
Esta carta, divulgada pela Caderna Ser, é composta por sete linhas “escritas à mão, em árabe, cheias de imprecisões, nas quais ele [Taib] utiliza frases muito cerimoniosas referindo-se ao seu Deus”, explica a rádio espanhola.
“Oh Deus, peço clemência da tua sabedoria e peço clemência do teu poder e suplico à tua grande generosidade”, escreveu Abdelouahab Taib, pedindo várias vezes a “clemência” a Deus por algo que “não é bom para mim na minha religião”.
Esta terça-feira, o advogado da família de Taib, incluindo a sua ex-mulher, garantiu que os Mossos de Cornellà serão processados por negligência. O representante legal garante que Taib não tem qualquer ligação ao terrorismo – o argelino não estava sob radar das autoridades e não lhe era conhecido qualquer passado criminoso ou com ligações ao jihadismo – e considera que os três tiros disparados por uma polícia contra o argelino foram excessivos.
A Audiência Nacional, no entanto, para além de falar em “atentado terrorista”, acrescenta que o argelino entrou na esquadra de Cornellà com o objetivo de “matar ou ser morto”.
Para os familiares de Taib, no entanto, este era apenas um “bom muçulmano” a passar por uma fase emocional complicada. A ex-mulher do argelino revelou que a separação do casal se deveu ao facto de esta ter descoberto que Taib era homossexual.
Esta revelação, para além de ter afetado psicologicamente Taib devido à separação, estaria também a preocupar o argelino, que temia que a comunidade muçulmana descobrisse.
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