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Jornalistas mortos na República Centro-Africana foram emboscados

Os três jornalistas russos assassinados na República Centro-Africana, onde investigavam a presença de mercenários russos, caíram em uma emboscada que lhes era destinada, afirmou hoje a organização do opositor Mikhail Khodorkovski com que colaboravam.

Jornalistas mortos na República Centro-Africana foram emboscados
Notícias ao Minuto

23:48 - 16/08/18 por Lusa

Mundo Khodorkovski

As primeiras conclusões do inquérito realizado por esta organização e publicadas no seu sítio na internet contradizem os resultados anunciados pelo governo de Moscovo, segundo as quais os jornalistas foram mortos por ladrões.

O repórter de guerra Orkhan Djemal, o documentarista Alexandre Rastorgouiev e o operador de câmara Kirill Radtchenko foram mortos na noite de 30 para 31 de julho por homens armados no norte da República Centro-Africana.

Estes jornalistas investigavam as atividades do grupo militar privado russo Wagner, que ganhou notoriedade na Síria.

As autoridades russas têm privilegiado a tese dos ladrões.

Mas segundo as primeiras conclusões do grupo de investigadores colocados no terreno pela MBK Media, de Khodorkovski, que interrogaram fontes na República Centro-Africana, "a versão de um simples roubo como principal motivo dos criminosos é contraditada por numerosas circunstâncias".

As informações recolhidas pelos investigadores no ponto de controlo que os jornalistas passaram antes de serem assassinados indicam que "os criminosos estavam à espera (...) precisamente da viatura que transportava Djemal, Rastorgouiev e Radtchenko".

Segundo a MBK, as suas conclusões "não excluem a implicação de mercenários russos".

A organização avançou que "um grupo de uma dezenas de pessoas esperou a viatura dos jornalistas durante várias horas", apesar de estes terem mudado de itinerário à última da hora, dirigindo-se para o norte, ainda segundo a MBK, especificando desconhecer se as vítimas estavam ao corrente desta alteração.

Uma fonte da organização evocou "a possível participação na execução dos jornalistas de pessoas que trabalham para o governo centro-africano".

Os investigadores da organização constaram, por outro lado, que uma viatura transportando "três pessoas brancas armadas, parecendo mercenários, e dois centro-africanos" passou pelo mesmo ponto de controlo que os jornalistas pouco antes destes e voltou a passar em sentido inverso uma hora mais tarde.

Em entrevista à CNN, Khodorkovski rejeitou a hipótese de assalto: "Algumas pessoas que conhecemos na Rússia foram abordadas por pessoas com ligações aos mercenários russos, que lhes disseram que os jornalistas tinham sido avisados para não irem" à República Centro-Africana.

Desde o início de 2018 que a Federação Russa deslocou instrutores militares para a República Centro-Africana, forneceu armas às forças armadas em construção e garante a segurança do presidente Faustin-Archange Touadéra, cujo conselheiro de segurança também é um russo.

A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-balaka. A MINUSCA está no país desde 2014.

O Governo do Presidente Faustin Touadera, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias, que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

O conflito na RCA, que tem o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.

Portugal está presente no país desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).

No início de julho, soube-se que o major-general do Exército Marco Serronha vai assumir o cargo de 2.º comandante da MINUSCA.

A que já é a 3.ª Força Nacional Destacada Conjunta, composta por 159 militares, dos quais 156 do Exército, sendo 126 paraquedistas, e três da Força Aérea, iniciou a missão em 05 de março de 2018 e tem a data prevista de finalização no início de setembro deste ano.

Estes militares compõem a Força de Reação Rápida da MINUSCA, têm a base principal na capital, junto ao aeroporto, e já estiveram envolvidos em quase duas dezenas de confrontos com os rebeldes.

Portugal também integra a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), que é comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.

A EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, tem 45 militares portugueses, entre os 170 de 11 nacionalidades que a compõem.

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